A quarta semana de dezembro começa com uma agenda mais curta, típica do período de fim de ano, mas ainda traz indicadores relevantes para a formação de expectativas nos mercados globais. Em um ambiente de liquidez reduzida por conta dos feriados de Natal, dados de inflação, atividade econômica e política monetária tendem a ter impacto potencialmente maior sobre os preços dos ativos.
Segundo Francisco Alves, operador de mercado e apresentador do Pre-Market da BM&C News, o principal destaque inicial da semana está na China, já a partir do domingo à noite, com a divulgação das LPRs (Loan Prime Rates) pelo Banco do Povo da China (PBoC). As taxas de referência para empréstimos de 1 e 5 anos são acompanhadas de perto por investidores por influenciarem diretamente o crédito, o setor imobiliário e a atividade econômica do país.
“Mesmo em uma semana encurtada, qualquer sinal de estímulo adicional ou mudança na postura do PBoC pode gerar reflexos relevantes em commodities, moedas e ativos ligados à China”, avalia Alves.
China: sinalizações políticas no radar do mercado nesta semana
Além da decisão de juros, o mercado também acompanha as reuniões do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo da China, que costumam trazer sinalizações sobre diretrizes econômicas e políticas públicas, ainda que sem anúncios formais. Para o operador, o foco estará mais no tom das discussões e nas expectativas implícitas do que em medidas concretas.
No Brasil, a semana começa com a divulgação do Boletim Focus, que atualiza as projeções do mercado para inflação, juros e crescimento econômico. O principal dado da semana será o IPCA-15, previsto para terça-feira. O indicador funciona como uma prévia da inflação oficial e é acompanhado de perto pelo mercado em um contexto de juros elevados e debate fiscal ainda sensível.
“Qualquer surpresa no IPCA-15 pode provocar ajustes na curva de juros e impactar a precificação dos ativos locais”, afirma Francisco Alves.
Estados Unidos: dados ajudam a calibrar expectativas do Fed
Nos Estados Unidos, os dados econômicos relevantes se concentram até quarta-feira, véspera de Natal, quando os mercados operam em meio período. Estão previstos a divulgação dos pedidos de bens duráveis, do índice de confiança do consumidor e de indicadores do mercado de trabalho. Esses números ajudam os investidores a calibrar as expectativas sobre a trajetória da política monetária americana nos próximos anos.
Funcionamento dos mercados e efeito dos feriados da semana
Do ponto de vista operacional, o período exige atenção redobrada. Na quarta-feira, as bolsas americanas funcionam até 13h no horário local (15h de Brasília). Na quinta-feira, Natal, todas as bolsas globais estarão fechadas. Já na sexta-feira, dia 26, Brasil e Estados Unidos retomam o funcionamento normal, enquanto a Europa permanece fechada por conta do Boxing Day, além de Hong Kong e algumas praças asiáticas.
“A combinação de agenda reduzida, feriados e menor liquidez aumenta o risco de movimentos pontuais e volatilidade fora do padrão. É uma semana que exige disciplina e gestão de risco”, conclui Francisco Alves.














