Se você busca o alimento mais nutritivo grama por grama do planeta, esqueça a couve ou as frutas exóticas: o troféu pertence ao fígado bovino. Frequentemente rejeitado pelo paladar moderno, este órgão é uma verdadeira usina de força biológica, contendo concentrações de vitaminas e minerais dezenas de vezes superiores às encontradas em carnes musculares comuns. Não é exagero chamá-lo de suplemento natural.
Por que ele é nutricionalmente superior a um filé tradicional?
A diferença é brutal. Enquanto um bife comum oferece principalmente proteínas e gorduras, o fígado atua como o “depósito de tesouros” do animal. Segundo dados nutricionais compilados por autoridades como a Healthline, uma pequena porção de fígado fornece mais de 3.000% da necessidade diária de Vitamina B12, essencial para o sistema nervoso.
Além disso, ele é uma das poucas fontes alimentares ricas em Colina, um nutriente crítico para a saúde do cérebro e membranas celulares que a maioria das pessoas não consome em quantidade suficiente. Ele entrega proteínas de altíssima qualidade com todos os aminoácidos essenciais, mas com uma carga calórica muito menor do que cortes gordurosos.
No vídeo a seguir, o Dr. Juan Lambert, com mais de 1,8 milhões de seguidores, explica alguns dos benefícios do fígado bovino para a saúde:
Como o “trio de energia” combate o cansaço crônico?
Muitos casos de fadiga inexplicável estão ligados à deficiência oculta de minerais que o fígado oferece em abundância. Ele combina três elementos vitais para o sangue e oxigenação: Ferro Heme (de alta absorção), Vitamina B12 e Cobre.
O Cobre é o elemento chave aqui. Muitas pessoas tomam suplementos de ferro que não funcionam porque lhes falta cobre para transportar esse ferro. O fígado fornece o “pacote completo” em equilíbrio natural, permitindo que seu corpo fabrique hemoglobina de forma eficiente e restaure a vitalidade, conforme explica a Cleveland Clinic.

O mito das toxinas: o fígado é “sujo” ou filtrador?
Uma crença popular diz que não devemos comer fígado porque ele “filtra toxinas” e, portanto, estaria cheio delas. Isso é um erro biológico. O papel do fígado é processar e neutralizar toxinas para que sejam eliminadas (pela urina ou bile), e não armazená-las como uma esponja.
O que o fígado armazena são justamente os nutrientes que neutralizam essas toxinas: vitaminas A, D, E, K e B12. Portanto, desde que o animal seja de boa procedência (preferencialmente gado de pasto), o fígado é seguro e limpo.
Quais são os perigos reais do excesso de Vitamina A?
Aqui reside a maior precaução. O fígado é tão rico em Vitamina A pré-formada (Retinol) que pode se tornar tóxico se consumido diariamente. Diferente do betacaroteno das cenouras (que o corpo controla a conversão), o Retinol é absorvido diretamente.
O consumo excessivo pode levar à hipervitaminose A, causando tonturas, náuseas e problemas ósseos a longo prazo. Por isso, a Mayo Clinic adverte que gestantes devem evitar o consumo frequente de fígado, pois o excesso de Vitamina A está ligado a defeitos congênitos no feto.
Leia também: Usar bicarbonato de sódio nos trilhos das janelas: para que serve e quais benefícios?
Qual é a frequência segura de consumo?
Para colher os benefícios sem riscos, trate o fígado como um suplemento semanal, não como o prato principal diário.
Siga esta tabela de recomendação geral:
- Frequência: 1 a 2 vezes por semana.
- Quantidade: Cerca de 100g a 150g por porção.
- Para quem treina: Ótimo pós-treino devido à leucina e proteína densa.
- Contraindicação: Pessoas com gota (devido às purinas) ou colesterol muito alto devem consultar um médico antes de incluir vísceras na rotina.

