A cena é clássica, mas a engenharia por trás dela é um espetáculo de precisão. Entender como o trem troca de trilho revela um sistema inteligente que garante a segurança de milhões de passageiros e toneladas de carga todos os dias.
Qual o segredo para o trem não sair do trilho?
O segredo não está no trilho, mas na roda. Cada roda de trem possui uma borda saliente em seu lado interno chamada friso. É essa pequena peça que funciona como um guia, impedindo que o trem saia da linha e sendo o elemento fundamental para qualquer manobra.
Quando o trem precisa mudar de direção, ele encontra as agulhas, que são os trilhos móveis e flexíveis do sistema. Ao se moverem, as agulhas encostam no trilho principal e criam um novo caminho, forçando o friso da roda a seguir a nova trajetória de forma suave e segura.
O que acontece no ponto exato onde os trilhos se cruzam?
O ponto de cruzamento, chamado de jacaré ou coração, é a parte mais crítica, pois cria uma lacuna necessária para que o friso da roda do outro lado possa passar. Essa lacuna, no entanto, é um ponto vulnerável onde a roda poderia desviar para o caminho errado.
Para evitar isso, existem os contratrilhos, peças fixas instaladas no lado oposto. Eles funcionam como uma guia que “puxa” a roda oposta, garantindo que o par de rodas passe pela lacuna do jacaré sem chance de descarrilar, mantendo o trem perfeitamente alinhado.
Componentes essenciais da troca:
- Friso da roda: O guia principal.
- Agulhas móveis: Os trilhos que direcionam.
- Jacaré (cruzamento): A peça que permite o cruzamento.
- Contratrilhos de segurança: Garantem a passagem correta.
Como a troca é acionada e garantida com segurança?
O acionamento das agulhas é feito por um dispositivo eletromecânico chamado AMV (Aparelho de Mudança de Via). Antigamente operado por alavancas manuais, hoje o sistema é controlado remotamente a partir de um centro de controle, garantindo agilidade e precisão.
Para entender a engenharia genial por trás do transporte ferroviário, selecionamos o conteúdo do canal JAES Company Português, que já ultrapassou a marca de 290 mil visualizações neste vídeo. No vídeo a seguir, você descobrirá visualmente como os trens mudam de direção através do funcionamento das agulhas e do mecanismo de cruzamento conhecido como “jacaré”:
A segurança é a maior prioridade. Assim que as agulhas se movem para a nova posição, um sistema de travamento automático as fixa no lugar. Isso impede que a vibração ou o peso do trem as desloquem durante a passagem, eliminando o risco de acidentes.
Mecanismos de segurança:
- Acionamento remoto e preciso (AMV).
- Sistema de travamento automático das agulhas.
- Pontas das agulhas projetadas para fácil substituição.
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Existem sistemas de troca mais complexos?
Sim, em grandes pátios ferroviários e estações, existem sistemas muito mais complexos. O Cruzamento de Deslizamento Duplo (DSS), por exemplo, permite que trens de duas linhas diferentes possam cruzar ou trocar de via no mesmo ponto, otimizando o espaço.

Esses sistemas complexos são vitais para a malha ferroviária nacional, cuja segurança e operação são reguladas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A expansão da mobilidade urbana sobre trilhos é uma prioridade do Ministério dos Transportes para melhorar a logística das grandes cidades.
| Sistema | Função Principal | Complexidade |
| Troca Simples | Desvia o trem para uma de duas rotas. | Baixa. |
| Cruzamento Duplo (DSS) | Permite cruzar e trocar de trilhos no mesmo ponto. | Altíssima. |

