O alto preço da comida no aeroporto é uma queixa universal, mas por trás de um simples sanduíche existe um complexo sistema de custos elevados e pouca concorrência. É um modelo de negócio onde o passageiro é um cliente cativo, com poucas alternativas.
Existe uma regra para o preço da comida no aeroporto, mas ela é seguida?
Sim, a maioria dos aeroportos opera sob uma política chamada “preço de rua mais 10% a 15%”, que deveria limitar o valor cobrado. No entanto, a fiscalização dessa regra é frequentemente falha, permitindo que os estabelecimentos inflem os preços muito além do limite estabelecido.
Na prática, não é raro encontrar produtos com aumentos de 80% a 120% sobre o valor externo. Práticas como essa seriam questionadas por órgãos de defesa do consumidor, mas no ambiente controlado de um aeroporto, a falta de auditorias rigorosas permite que os preços abusivos persistam.
Por que custa tanto para uma loja operar lá dentro?
Os custos operacionais dentro de um aeroporto são astronomicamente mais altos do que em uma loja de rua. Tudo, desde os ingredientes até os equipamentos, precisa passar por rigorosos controles de segurança, o que encarece a logística em até 40%.

Além disso, as lojas são obrigadas a funcionar em horários estendidos e pagar salários mais altos. O aluguel também é um fator crucial, pois os lojistas pagam ao aeroporto uma porcentagem de suas vendas totais, geralmente entre 10% e 16%.
Principais custos operacionais:
Segurança: Inspeção de todos os produtos, funcionários e equipamentos.
Aluguel: Calculado como uma alta porcentagem das vendas.
Mão de obra: Salários mais altos e horários de funcionamento mais longos.
As opções de restaurantes são realmente concorrentes entre si?
Embora um terminal pareça oferecer muitas marcas diferentes, a realidade é que a grande maioria das operações é controlada por um oligopólio de poucas corporações globais, como a HMS Host/Avolta. Isso significa que, em uma mesma praça de alimentação, todas as lojas podem pertencer à mesma empresa.
Você já se perguntou por que um simples lanche custa tão caro antes de embarcar? Neste conteúdo do Business Insider, especialistas explicam a lógica econômica por trás dos preços abusivos nos aeroportos e como a falta de competição afeta diretamente o bolso dos viajantes:
Essa falta de concorrência real elimina a disputa por preços, permitindo que a empresa controladora estabeleça os valores que desejar. A gestão dos espaços comerciais, que no Brasil é regulada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), acaba criando um ambiente onde o consumidor tem a ilusão de escolha.
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Como nosso tempo de espera nos faz gastar mais?
Desde o 11 de setembro, os passageiros passam muito mais tempo dentro dos terminais, o chamado “dwell time”. Com uma média de duas horas de espera após a segurança, o tédio e a necessidade transformam o passageiro em um consumidor cativo e propenso a gastar.
Curiosamente, o aeroporto de Portland (PDX), que adota o “preço de rua real” (sem taxas), prova que a justiça no preço pode ser lucrativa: os passageiros de lá gastam 20% a mais que a média, pois se sentem menos explorados. É um modelo que contrasta com a prática da maioria dos aeroportos.
| Modelo de Preços | Política de Preços | Impacto no Consumidor |
| Maioria dos Aeroportos | Preço de rua + 10-15% (muitas vezes não cumprido). | Sensação de exploração, consumo por necessidade. |
| Aeroporto de Portland (PDX) | Preço de rua real (sem taxas adicionais). | Sensação de justiça, maior propensão a gastar. |

