O Brasil enfrenta uma série de obstáculos que limitam sua competitividade no cenário global. Um dos maiores problemas é o denominado custo Brasil, termo que engloba a burocracia excessiva, o alto custo de capital, a alta carga tributária e a ineficiência dos processos de inovação.
Durante o BM&C Talks, o empresário e ex-deputado federal Alexis Fonteyne destacou como esses fatores travam a produtividade e o potencial do país de se tornar um líder em inovação.
O peso da burocracia no custo Brasil
Segundo Alexis, a burocracia brasileira é um dos principais entraves para o avanço da competitividade. Ele cita a dificuldade de empresários em obter alvarás de funcionamento, aprovações de projetos e até mesmo a emissão de documentos essenciais, como a nota fiscal.
“O governo brasileiro não acredita na boa-fé do cidadão e trata todo mundo como criminoso, o que afasta o investimento e inibe o empreendedorismo“, afirma.
INPI: atraso no registro de patentes prejudica inovação
Outro ponto crucial levantado por Fonteyne foi o atraso na análise de patentes pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Ele criticou a demora na aprovação de patentes no Brasil, destacando como isso prejudica quem tenta inovar e proteger suas criações.
“Os brasileiros desenvolvem tecnologias no exterior porque sabem que o processo de registro no Brasil é lento e ineficiente“, aponta.
O impacto da Selic alta sobre a competitividade
Alexis também alertou sobre o impacto da taxa Selic elevada sobre a competitividade. Com juros em 15% ao ano, o Brasil paga um dos maiores custos de financiamento do mundo.
“A Selic é o maior custo do Brasil, porque esse custo é repassado para o preço de tudo, desde produtos até serviços. Os juros elevados geram um efeito de desindustrialização, tornando a produção no país menos competitiva“, analisa.
O entrevistado ainda destacou que a desindustrialização no Brasil é um reflexo direto desses fatores. Ele explica que as empresas estão sendo forçadas a buscar alternativas em mercados externos, como o Paraguai, onde os custos de produção são mais baixos.
“Esse cenário coloca o Brasil em risco de se tornar irrelevante no mapa da tecnologia e da inovação, especialmente quando se observa o avanço de países como Taiwan e Coreia do Sul, que competem em pé de igualdade com economias mais desenvolvidas“, destaca.
Reforma tributária: um passo para a competitividade?
A reforma tributária, que começa a ser implementada em 2026, também foi discutida no programa. Para Fonteyne, a simplificação do sistema tributário pode melhorar a competitividade do Brasil, mas ele alertou que a transição será difícil.
“A reforma pode aumentar a competitividade em alguns setores, mas o maior desafio será a implementação e adaptação das empresas, especialmente as pequenas e médias“, explicou.
O que pode ser feito para destravar a inovação no Brasil?
Fonteyne defendeu a adoção de uma regulamentação mais flexível para permitir que o Brasil se insira de forma mais eficiente nos setores de biotecnologia, energia limpa e inteligência artificial.
“O Brasil precisa de um sistema mais dinâmico, que não engesse a inovação com regulamentações excessivas“, afirmou.
Ele também criticou a excessiva regulamentação da inteligência artificial, que, segundo ele, apenas dificulta o avanço do setor.
Custo Brasil: a necessidade de um projeto nacional
Por fim, o empresário concluiu que o Brasil carece de um projeto nacional de longo prazo, focado na produtividade e no desenvolvimento sustentável.
“Não existe um projeto Brasil. O que vemos são projetos de poder, e isso impede o avanço do país“, destacou Alexis.
Para ele, a solução passa pela liberdade econômica, pela redução da burocracia e pela responsabilização dos cidadãos e governantes.
“Precisamos de um Brasil mais próspero, onde o Estado pare de atrapalhar quem quer trabalhar“, finalizou.













