No programa BM&C Visões, apresentado por Isabela Tacaki, o médico Roberto Zeballos discutiu os desafios da saúde pública no Brasil, o avanço da tecnologia na área médica e a importância da prevenção e do comportamento na manutenção da saúde. A conversa abordou desde o papel da inteligência artificial até mudanças necessárias na formação de profissionais e na gestão do SUS.
Zeballos iniciou avaliando o sistema de saúde brasileiro e destacou que o centro da transformação deveria ser o profissional médico.
“A principal célula da saúde pública é o médico”, afirmou.
Segundo ele, a baixa remuneração e a falta de estrutura de formação resultam em profissionais sobrecarregados e dependentes de exames e medicamentos, o que aumenta custos e não melhora a eficiência do atendimento.
Saúde pública no Brasil: formação médica e qualidade do atendimento
Zeballos defende que o país avance em direção a uma política de qualificação contínua dos profissionais.
“Seria essencial ter médicos bem formados e com remuneração digna. Um bom médico evita remédios desnecessários e reduz a quantidade de exames”, disse.
Para ele, a solução passa por um modelo que valorize o raciocínio clínico, a entrevista detalhada com o paciente e o uso criterioso de tecnologia. O médico destacou ainda a importância de avaliações nacionais de proficiência após a graduação.
“Depois que o profissional se forma, deveria haver uma prova. Isso garantiria a qualidade mínima do atendimento.”
O papel do intestino e o impacto pós-pandemia
Durante a entrevista, Zeballos relatou que, no consultório, observou um aumento de sintomas associados ao pós-Covid, como fadiga, lapsos de memória e alterações inflamatórias. Ele atribui esses quadros à permanência da proteína spike e citou pesquisas internacionais sugerindo replicação viral no intestino.
“Comecei a ver casos só no final de 2022 e início de 2023. Passei a investigar o intestino como fonte de inflamação”, afirmou.
Ele relatou experiências com probióticos e ajustes alimentares em pacientes, destacando que os bons resultados que observa são, segundo ele, fruto da combinação entre atenção ao intestino, estilo de vida e abordagem clínica integrada.
Alimentação, comportamento e longevidade
Zeballos também comentou estudos sobre as chamadas blue zones, regiões do mundo com alta concentração de centenários. Para ele, longevidade está associada não apenas à dieta, mas à convivência social e ao estado emocional.
“A dieta importa, mas o estado de espírito vem antes. Otimismo e propósito influenciam saúde.”
Ele destacou que alimentação excessivamente industrializada e altos níveis de açúcar contribuem para doenças crônicas, mas enfatizou que emoções negativas também afetam o organismo.
Inteligência artificial: o papel na saúde pública
A inteligência artificial, segundo Zeballos, deve ser tratada como apoio ao trabalho clínico e não como substituta da tomada de decisão.
“A inteligência artificial tem que ser um banco de dados. Ela não substitui o médico.”
Ele citou estudos que indicam que grupos que usam IA podem resolver problemas mais rapidamente, mas não desenvolvem autonomia completa para repetir o processo sem auxílio da tecnologia. Isso, segundo ele, reforça a necessidade de equilibrar ferramentas digitais com raciocínio humano.
Zeballos afirmou ainda que, no futuro, diagnósticos podem ser cada vez mais orientados por algoritmos, e procedimentos cirúrgicos, executados por robôs. Mas ressaltou que a relação humana seguirá indispensável:
“O que será valorizado é o que você faz o paciente pensar a seu respeito. A percepção dele muda o tratamento.”
Desafios estruturais e caminho para o SUS
Ao final da entrevista, o médico defendeu que avanços no SUS passam por organização, valorização profissional e uso adequado de tecnologia. Para ele, não é apenas uma questão de recursos, mas de gestão e qualificação.
“Se você tem um médico qualificado, exames básicos e estrutura mínima, já melhora muito o sistema.”
Ele reforçou que prevenção alimentação melhor, atividade física, menos estresse e mais convivência socialm deve caminhar ao lado da tecnologia para reduzir a demanda por procedimentos de alto custo.












