O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou nesta sexta-feira (5) ter sido escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como nome do PL para disputar a Presidência da República em 2026. O movimento ocorre em meio à reconfiguração das forças da direita e à disputa interna pela sucessão dentro do próprio campo bolsonarista.
Na mensagem, Flávio afirma que a decisão parte da “maior liderança política e moral do Brasil”, referindo-se ao pai, e diz assumir “a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”.
Flávio Bolsonaro faz críticas ao governo e discurso de crise institucional
Na declaração, o senador apresenta um diagnóstico crítico do atual cenário político, econômico e social do país. Ele afirma que não pode “ver o nosso país caminhar por um tempo de instabilidade, insegurança e desânimo” e diz não aceitar “ficar de braços cruzados enquanto vejo a esperança das famílias sendo apagada e nossa democracia sucumbindo”.
O texto também menciona problemas sociais e econômicos. Segundo Flávio, “muitos se sentem abandonados”, aposentados estariam sendo “roubados pelo próprio governo”, e “narco-terroristas dominam cidades e exploram trabalhadores”. Ele ainda cita aumento de impostos, denúncias de má gestão em estatais e falta de perspectivas para jovens.
Veja o texto na íntegra:
“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação.
Eu não posso, e não vou, me conformar ao ver o nosso país caminhar por um tempo de instabilidade, insegurança e desânimo.
Eu não vou ficar de braços cruzados enquanto vejo a esperança das famílias sendo apagada e nossa democracia sucumbindo.O nosso país vive dias difíceis, em que muitos se sentem abandonados, aposentados são roubados pelo próprio governo, narco-terroristas dominam cidades e exploram trabalhadores, estatais voltaram a ser saqueadas, novos impostos não param de ser criados ou aumentados, nossas crianças não têm expectativas de futuro. Ninguém aguenta mais!
Mas eu creio em um Deus que não abandona nossa nação.
Eu creio que Ele levanta pessoas e inicia novos tempos quando o povo clama por justiça.
Eu creio que nenhum cativeiro é maior do que o poder de Deus para libertar.Eu me coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão.
E sei que Ele irá à frente, abrindo portas, derrubando muralhas e guiando cada passo dessa jornada.Que Deus abençoe o nosso povo!
Que Deus abençoe o nosso Brasil!”

Para Anderson Nunes, sinalização não altera o cenário eleitoral de 2026
Segundo o analista político Anderson Nunes, o anúncio de Flávio Bolsonaro deve ser lido, neste momento, apenas como um “balão de ensaio”, já que a movimentação é considerada precoce e tende a perder força no período de festas e férias.
Para ele, a sinalização serve mais para elevar o “preço político” em eventuais negociações do que para consolidar uma candidatura real. Nunes avalia que a presença de Flávio na disputa favoreceria o presidente Lula, que teria vantagem em um confronto direto, e destaca que o mercado financeiro já reagiu negativamente ao movimento: “o recado está na Bolsa”, disse, citando alta do dólar, pressão nos juros e deterioração da curva.
Na sua visão, nada muda para o cenário de 2026 neste momento, e o nome mais consolidado à direita continua sendo o do governador Tarcísio de Freitas.
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Já o advogado e especialista em análise política Guilherme Favetti avalia que a escolha de Flávio Bolsonaro representa “uma reação direta de Jair à pressão pelo nome de Tarcísio”.
“Flávio é o filho mais habilidoso politicamente de Bolsonaro e o que melhor navega na articulação necessária, portanto, o mais capaz de fazer alianças”, avalia Favetti.
Para ele, qualquer nome ungido pelo ex-presidente chegará ao segundo turno e será o adversário de Lula, independentemente das preferências do mercado, que vinha se alinhando ao governador paulista.
“A indicação de Flávio agora parece ser uma resposta de Bolsonaro à pressão de todos os setores que vinham colocando o Tarcísio como seu sucessor. Bolsonaro não gosta de ser pressionado e, na cabeça dele, Flávio talvez seja quem melhor o represente”, analisa.
Favetti aponta que a oficialização do nome de Flávio Bolsonaro tem implicações diretas para o futuro político de Tarcísio de Freitas.
“A se confirmar que será Flávio Bolsonaro o pré-candidato do PL, é dizer que o sonho de Tarcísio 26 ou 30 se encerrou. Se Flávio ganha, será candidato à reeleição. Se perde, provavelmente será o nome em 2030.”, pontua.
Favetti ainda afasta a hipótese de que a indicação seja um teste.
“Não vejo como balão de ensaio. Não teria motivo. A escolha apenas torna explícito algo já conhecido nos bastidores, embora desejado pelo agro e pela Faria Lima, Tarcísio nunca foi o preferido de Jair Bolsonaro.”, conclui.













