Nesta sexta-feira (29), os mercados globais operam em ritmo reduzido após o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, enquanto investidores monitoram novos sinais do Banco Central, o plano estratégico da Petrobras e o aumento da tensão entre Congresso e Planalto. A liquidez mais fraca tende a deixar o pregão brasileiro mais técnico e concentrado em fluxos específicos.
Com a agenda fraca e volume limitado, o mercado norte-americano mantém o clima de otimismo em torno da possibilidade de um corte de juros pelo Federal Reserve na reunião de dezembro.
Mercado monitora postura firme de Galípolo
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a adotar um tom duro nas comunicações públicas. A frase “o BC não se emociona com um dado específico”, interpretada como resposta ao Caged mais fraco de outubro, com 85 mil vagas criadas, abaixo das 120 mil esperadas, interrompeu a queda dos juros futuros ao longo da quinta-feira.
O recado reforçou a avaliação de que o Banco Central mantém cautela para iniciar o ciclo de flexibilização monetária. Galípolo destacou que:
- a economia ainda está “resiliente demais” para cortes imediatos;
- a Selic em 15% segue “adequada”;
- o BC pode elevar os juros se necessário;
- o avanço do crédito exige vigilância;
- a reforma do IR tem potencial de estimular a demanda.
Com isso, as apostas de corte em janeiro recuaram de 80% para 73%. A curva de juros deve continuar sensível aos dados do mercado de trabalho e às sinalizações da autoridade monetária. Veja mais sobre as falas de Galípolo clicando aqui.
Pnad e resultado primário movimentam a manhã no mercado
Dois indicadores devem influenciar o humor dos investidores:
- Pnad Contínua (9h): projeção de 5,5% de desemprego, possivelmente a menor taxa da série histórica.
- Resultado primário do setor público (8h30): expectativa de superávit entre R$ 30,6 bilhões e R$ 37,1 bilhões, favorecido pela arrecadação de IRPJ e CSLL.
Apesar da importância dos dados, a avaliação predominante é que dificilmente mudarão a decisão do Copom para janeiro.
Petrobras divulga plano estratégico 2026-2030
A Petrobras divulgou na noite de ontem o novo plano de investimentos, com capex previsto de US$ 109 bilhões para o período 2026–2030, queda de 1,8% em relação ao plano atual.
Entre os destaques:
- US$ 78 bilhões destinados à área de exploração e produção;
- projeção de geração de caixa entre US$ 190 bilhões e US$ 220 bilhões;
- estimativa de proventos ordinários entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões, com dividend yield médio próximo de 10%;
- ausência de menção a dividendos extraordinários.
O mercado avalia que o plano veio dentro das expectativas, sem mudanças significativas na estratégia, mantendo o foco nos ativos de maior retorno. A companhia realiza webcast com a diretoria às 16h30.
Vale aprova pagamento de R$ 3,58 por ação
A Vale (VALE3) anunciou nesta quinta-feira (27) que pagará R$ 3,58 por ação em proventos, somando dividendos e juros sobre capital próprio, com base no resultado de 30 de setembro de 2025. Considerando o número atual de ações, o desembolso total deve alcançar aproximadamente R$ 15,3 bilhões, a serem distribuídos entre janeiro e março.
O pagamento representa uma antecipação da remuneração referente ao exercício de 2025 e atende ao valor mínimo previsto na Política de Remuneração aos Acionistas.
Cenário político aumenta volatilidade doméstica
A relação entre Congresso e Planalto se deteriorou ao longo da quinta-feira. O Legislativo derrubou 52 vetos do presidente Lula no tema do licenciamento ambiental, e o senador Davi Alcolumbre afirmou ter “60 votos” para rejeitar a indicação de Paulo Gonet para o Supremo Tribunal Federal.
O governo avalia contestar judicialmente a derrubada dos vetos. Além disso:
- o Projeto Antifacção pode ser votado na próxima semana;
- a oposição intensifica articulações para construir uma saída legislativa para Bolsonaro.
O ambiente político mais tenso pressiona ativos domésticos, especialmente o câmbio e os juros longos.
Expectativa para o pregão
A liquidez global reduzida tende a deixar o pregão brasileiro mais técnico, com foco em Petrobras, juros futuros e dados econômicos da manhã. O discurso firme de Galípolo segue como principal elemento limitando o apetite por risco no curto prazo. Na política, o ambiente de conflito permanece como o maior fator de atenção para investidores.













