O joelho é uma maravilha da engenharia biológica, projetado para suportar todo o nosso peso enquanto oferece uma flexibilidade impressionante. No entanto, essa mesma complexidade que lhe confere mobilidade é a fonte de sua notória fragilidade, tornando-o uma das articulações mais lesadas do corpo.
Uma articulação de dobradiça que faz muito mais
A estrutura do joelho é única. Ele conecta os dois ossos mais longos do corpo, o fêmur (osso da coxa) e a tíbia (osso da canela), com a patela (rótula) na frente. Embora funcione primariamente como uma dobradiça, permitindo dobrar e esticar a perna, ele também realiza movimentos sutis de rotação e deslizamento, veja abaixo o vídeo do canal Fisio Bernard Cimino:
Essa capacidade de rotação é essencial para atividades como mudar de direção, girar o corpo ou chutar uma bola. É essa combinação de movimentos que torna o joelho tão versátil, mas também o expõe a forças complexas e potencialmente danosas.
Os ligamentos e meniscos são os verdadeiros heróis
Diferente da articulação do quadril, que é um encaixe estável de “bola e soquete”, o joelho é inerentemente instável. Sua estabilidade não vem da forma dos ossos, mas de uma rede de tecidos moles. Quatro ligamentos principais, incluindo o famoso Ligamento Cruzado Anterior (LCA), agem como cordas elásticas que mantêm a articulação no lugar.
Entre o fêmur e a tíbia estão os meniscos, duas estruturas de cartilagem em forma de “C” que funcionam como amortecedores. Eles absorvem o impacto, distribuem o peso e ajudam a lubrificar a articulação, protegendo os ossos do desgaste.
Por que uma estrutura tão forte é tão vulnerável a lesões?

A fragilidade do joelho vem de sua posição exposta e de sua dependência total dos tecidos moles. Por estar entre as duas longas alavancas do fêmur e da tíbia, ele está sujeito a forças de torção imensas. Um movimento brusco de rotação com o pé fixo no chão, por exemplo, pode romper facilmente um ligamento ou um menisco.
A maioria das lesões no joelho ocorre não por um golpe direto, mas por movimentos de torção, paradas súbitas ou aterrissagens de saltos. O ortopedista Dr. Kevin Stone descreve o joelho como um design de “compromisso”, onde a incrível mobilidade foi trocada por uma menor estabilidade inerente. A vulnerabilidade do joelho se deve a:
- Sua posição entre os dois ossos mais longos do corpo, criando uma alavanca poderosa.
- Sua dependência de ligamentos e cartilagens para estabilidade, em vez de um encaixe ósseo.
- A exposição a forças de alto impacto e torção em atividades diárias e esportivas.
- A complexa interação de movimentos (dobradiça e rotação) que aumenta o risco de lesões.
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Uma obra de engenharia que suporta o peso do mundo
Apesar de sua fragilidade, o joelho é incrivelmente forte e projetado para durar a vida toda sob uso normal. Ele pode suportar forças equivalentes a várias vezes o nosso peso corporal durante atividades como correr, pular ou agachar. A coordenação perfeita entre músculos, tendões, ligamentos e meniscos permite um movimento suave e poderoso.
Essa dualidade entre força e fragilidade é o que torna o joelho uma das estruturas mais fascinantes do corpo humano. Ele é o exemplo perfeito de como a evolução priorizou a mobilidade para nos permitir caminhar, correr e explorar o mundo, mesmo que isso viesse com um preço.
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