As expectativas de inflação para 2025 continuam a recuar no mercado financeiro. O último Boletim Focus mostrou nova redução na mediana das projeções para o IPCA, que passou de 4,55% para 4,46%, enquanto casas de análise e bancos revisaram seus cenários para números muito próximos dessa marca.
O Banco Daycoval promoveu uma revisão relevante do seu cenário. A área de pesquisa econômica do banco reduziu a projeção de inflação de 4,8% para 4,5%, atribuindo o ajuste a um conjunto de surpresas baixistas observadas em diferentes grupos do IPCA. A avaliação destaca que a redução de 4,9% no preço da gasolina pela Petrobras contribuiu para aliviar a inflação cheia, mas esse efeito foi praticamente anulado pela expectativa de aumento na energia elétrica no final do ano, com a provável migração da bandeira verde para a bandeira amarela devido ao regime de chuvas menos favorável.
O comportamento dos serviços — tradicionalmente um dos componentes mais persistentes da inflação — também surpreendeu para baixo, segundo o Daycoval. O banco aponta que a deflação em serviços automotivos, a alta menor na alimentação fora de casa e a queda nas passagens aéreas colaboraram para reduzir a pressão inflacionária do setor. “A surpresa baixista em passagens aéreas, deflação em serviços automotivos e alta menor na alimentação fora foram os destaques em serviços”, afirmou o instituto de pesquisa do Daycoval.
A instituição reduziu a projeção de inflação do grupo serviços de 6,0% para 5,8%, mas alerta que esse patamar ainda está acima do observado no ano anterior (4,8%). Na visão do banco, mesmo com sinais de desaceleração no mercado de trabalho, a economia “ainda segue aquecida”, o que exige atenção, sobretudo nos itens mais intensivos em mão de obra, que tendem a ter maior inércia.
Outro componente que contribuiu para a revisão baixista foi o comportamento dos alimentos. Segundo o Daycoval, os preços dos alimentos continuaram surpreendendo favoravelmente até a leitura do IPCA-15 de outubro, mantendo-se no campo deflacionário. Com esse desempenho, o banco revisou sua projeção de alimentação no domicílio de 4,7% para 4,0%, observando que, embora seja esperada uma normalização dos preços no último trimestre do ano, o viés segue “claramente baixista”. O mesmo movimento ocorre nos bens industriais, que continuam exibindo comportamento benigno, levando a instituição a ajustar a projeção do grupo de 3,1% para 2,7%.
Mesmo com o alívio em diversos grupos, o Daycoval optou por manter a projeção de preços administrados em 4,7%, considerando que o efeito positivo dos combustíveis foi praticamente compensado pela energia elétrica mais elevada. Para 2026, o banco preservou a projeção de inflação em 4,1%, sustentando que a combinação entre moderação da atividade econômica e commodities acomodadas em reais deve favorecer uma desaceleração gradual da inflação, embora riscos ligados ao ano eleitoral e à persistência do núcleo de serviços continuem no radar.
Além do Daycoval, outros bancos de projeção nacional apresentaram estimativas próximas ao novo número do Focus. O Itaú trabalha com um IPCA de 4,4% em 2025, enquanto o Santander revisou sua projeção de 4,7% para 4,4%, citando câmbio mais apreciado, estabilidade das commodities e efeitos acumulados da política monetária. Já o BTG Pactual projeta inflação praticamente idêntica à mediana do mercado, com IPCA de 4,46%, reforçando o movimento de convergência.
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