A liquidação extrajudicial do Banco Master segue repercutindo no mercado financeiro. Em entrevista à BM&C News, o professor e especialista de mercado Alexandre Cabral afirmou que o colapso da instituição “era uma morte anunciada”, já que os CDBs ofereciam taxas muito acima do padrão, um sinal claro de estresse que, segundo ele, vinha sendo ignorado há mais de um ano.
Cabral observa que, embora parte do mercado tenha se afastado cedo do Master, a pessoa física continuou acessando os produtos por causa das taxas elevadas e da garantia do FGC. “O grosso deve ser pessoa física, principalmente a famosa pessoa física taxeira com FGC. Ela faz a conta dos R$ 250 mil e vai para o risco”, disse.
Taxas fora da realidade do Master já indicavam problemas
Para o professor, as taxas oferecidas pelo banco eram consistentes com uma instituição em situação delicada.
Segundo ele, grandes players e gestoras já haviam reduzido exposição há bastante tempo.
“Essa é uma morte anunciada. As taxas, já eram completamente fora do padrão. As instituições se afastaram. Estou curioso pela página dois desse processo: quero ver se haverá mais bancos envolvidos.”
Cabral também chamou atenção para o papel das previdências privadas que investiram grandes somas em produtos ligados ao Master: “Como é que uma previdência aplica num banco desse 100, 200, 300 milhões se a morte estava anunciada há mais de um ano?”, questionou.
Risco de contaminação? Cabral diz que cenário é limitado
Com a liquidação decretada, surgiram dúvidas sobre a possibilidade de contaminação para outros bancos médios. Cabral minimiza esse risco, mas admite que o susto inicial pode provocar algumas turbulências pontuais.
“Os primeiros dois ou três dias podem ter uma pequena balançada. O questionamento será: será que não tem mais um Master por aí? Isso tende a desaparecer com o tempo.”
O professor ressalta, porém, que o risco pode voltar a aparecer caso a investigação revele outros bancos envolvidos fora do conglomerado.
FGC agiu rapidamente e elimina especulações sobre parcelamento
O Fundo Garantidor de Créditos foi acionado logo após o anúncio do Banco Central e reforçou que o pagamento das garantias está assegurado, sem risco de parcelamento.
Cabral destaca que essa sinalização elimina temores de uma crise sistêmica. “O FGC colocou no site como será o pagamento da garantia do Banco Master. Isso acaba com qualquer discussão sobre medo de parcelamento. FGC honrando, discussão encerrada.”
Caso Master: Banco Central poderia ter agido antes, diz especialista
Um dos pontos mais críticos da avaliação de Cabral envolve o timing da ação do Banco Central. Para ele, a autoridade monetária demorou demais para intervir.
“O Banco Central poderia ter entrado antes. O negócio já estava estranho há muito tempo. Final do ano passado, começo deste ano, já dava para agir. Não precisava esperar quase dois anos.”
De acordo com o especialista, a justificativa do BC, de que acompanhava o caso junto à Justiça e ao Ministério Público para consolidar provas, não explica a demora.
“Eu não sou juiz, mas será que depende de um ano e dez meses para ver isso tudo?”, questionou.
Caso Mater encerra ciclo, mas investigações podem abrir novos capítulos
Para Cabral, o episódio do Banco Master não deve causar um problema sistêmico, mas pode expor fragilidades no segmento de bancos médios e no processo de supervisão.
Com o FGC garantindo o pagamento e o BC afirmando controle sobre a situação, o mercado tende a estabilizar, mas com foco redobrado em possíveis desdobramentos da investigação.
















