Já se especula no Palácio do Planalto quem deverá substituir o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando ele sair do cargo em 2026 para disputar as eleições. Ainda não se sabe onde o nome do ministro vai estar nas cédulas eleitorais – se como candidato ao governo de São Paulo ou a senador. Essa decisão vai depender do governador Tarcísio de Freitas. Se ele concorrer à presidência, Haddad tentará o Palácio dos Bandeirantes; se optar pela reeleição, o ministro concorrerá ao Senado.
E quem ficaria no lugar de Haddad? Os nomes que circulam em Brasília são Dario Durigan, secretário executivo do ministério da Fazenda, ou Rogério Ceron, secretário do Tesouro. Os dois representariam uma continuidade ao trabalho desempenhado hoje, mas há uma diferença entre os postulantes. Ceron é visto pelo mercado como dono de um perfil mais técnico e com maior entendimento sobre a questão fiscal. Assim, se Lula quiser agradar a chamada Faria Lima, ele seria o melhor nome. Mas, Durigan, como segundo de Haddad, é visto como um sucessor natural.
Estaremos em um ano de eleições e existe, por isso, a possibilidade de o Planalto agradar algum aliado político. Neste caso, o cargo pode ser preenchido por alguém de fora. Dependendo do nome, isso pode criar algum tipo de desconforto junto ao mercado financeiro.
Lula, no entanto, deve optar mesmo por um dos postulantes que hoje já atuam dentro do ministério. Além de criar uma sensação de continuidade, o presidente terá mais liberdade para mandar em alguém sem cacife político, como Durigan e Ceron.
O cenário de 2026 deve ser marcado pela polarização e Lula parece estar inclinado a carregar nas tintas vermelhas na reta final de seu mandato. A nomeação de Guilherme Boulos como ministro é um sinal de que isso deve ocorrer. Se essa percepção estiver correta, Durigan pode ser a melhor alternativa, pois – em tese – poderia seguir as ordens presidenciais sem maiores contestações.
Uma eventual insistência de Lula em conduzir a economia sem responsabilidade fiscal poderia fragilizar ainda mais a confiança do mercado e ampliar a percepção de que o governo não está preocupado com a inflação. A escolha de um sucessor dócil pode garantir alinhamento político, mas dificilmente trará credibilidade diante de investidores e agentes econômicos. O presidente estaria disposto a sacrificar estabilidade em nome de conveniências eleitorais? Saberemos a resposta em breve.
Com a saída de Haddad, o governo perde uma figura que, apesar das críticas, ainda faz uma ponte com setores mais pragmáticos. Como Lula deve apostar em uma campanha mais alinhada à esquerda, diferente do tom moderado de eleições anteriores, sua conduta terá reflexo direto na no rumo a ser tomado pela política econômica. A ausência de Haddad abrirá espaço para um discurso mais ideológico e menos técnico, reforçando a narrativa de pobres contra ricos. A consequência disso? Um conflito ainda maior com o Congresso, com os empresários e com os banqueiros. Como reagirá o Banco Central diante da insegurança que pode se espalhar pelo mercado? Uma redução mais lenta das taxas de juros pode ser a resposta, o que seria muito ruim para a economia.
















