A atividade econômica brasileira voltou a registrar perda de ritmo em setembro. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,2% na comparação com agosto, em dado dessazonalizado divulgado nesta segunda-feira (17). O resultado veio pior que a expectativa coletada pela Reuters, que projetava queda de 0,10%.
O indicador também mostrou desaceleração mais intensa no acumulado do trimestre. Entre julho e setembro, o IBC-Br registrou retração de 0,9% em relação aos três meses anteriores, reforçando sinais de que a economia perdeu tração no período após avanços observados no primeiro semestre.
O IBC-Br é acompanhado pelo mercado por servir como um termômetro antecipado do desempenho do PIB, embora não substitua a metodologia oficial do IBGE. A divulgação ocorre em meio ao cenário de incertezas fiscais e de juros elevados, fatores que têm influenciado as projeções de crescimento para os próximos meses.
O que dizem os economistas sobre o IBC-BR
Para Leonardo Costa, economista do ASA, os dados do IBC-Br divulgados em setembro consolidam o diagnóstico de que a economia brasileira atravessa um período de desaceleração mais evidente. “A fraqueza observada na margem, combinada com o recuo da indústria e com a estabilidade de serviços, reforça a leitura já sugerida pelos indicadores do IBGE: os setores de maior peso na formação do PIB perderam dinamismo ao longo do terceiro trimestre“, destaca Costa.
O economista projeta um crescimento de 0,2% na comparação trimestral dessazonalizada para o PIB, número que, embora positivo, indica perda clara de impulso na passagem do semestre. Segundo ele, a alta de 1,5% no agro serve como amortecedor momentâneo, mas não altera o quadro geral de moderação da atividade. “A leitura oficial do PIB, prevista para o início de dezembro, deve confirmar esse cenário de crescimento mais contido, típico de uma economia que avança, mas em ritmo reduzido diante das condições atuais de juros elevados, incerteza fiscal e menor tração da demanda“, conclui.
Para Rafael Perez, economista Suno Research, esse resultado confirma a dinâmica de desaceleração da economia brasileira no terceiro trimestre, tendo em vista os efeitos da política monetária restritiva sobre o crédito, o consumo e os investimentos, somado com uma base de comparação elevada do primeiro semestre.
Além disso, ele destaca que à medida que setores que anteriormente demonstravam maior resiliência, como serviços, também passam a perder tração, a tendência é que a atividade econômica exiba sinais mais claros de arrefecimento, movimento que deverá se tornar ainda mais evidente no último trimestre do ano. Diante desse quadro, colocamos um viés de baixa na nossa projeção de crescimento de 2,3% do PIB em 2025.
















