Os economistas do mercado financeiro voltaram a revisar para baixo a expectativa de inflação de 2025. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Banco Central, a projeção para o IPCA recuou de 4,55% para 4,46%, marcando a primeira vez desde dezembro do ano passado que a estimativa fica abaixo do teto de 4,5% do sistema de metas de inflação.
A meta é contínua desde o início de 2025, com objetivo central de 3%, sendo considerada cumprida quando oscila entre 1,5% e 4,5%. Caso a previsão atual se confirme, o ano fechará sem “estouro” da meta, um cenário diferente do que ocorreu no acumulado de 2024 e no resultado em 12 meses até junho deste ano, quando a inflação superou o limite superior da banda.
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| Indicador | 2025 | 2026 | 2027 | 2028 |
|---|---|---|---|---|
| IPCA (variação %) | 4,46% | 4,20% | 3,80% | 3,50% |
| PIB (variação %) | 2,16% | 1,78% | 1,88% | 2,00% |
| Câmbio (R$/US$) | 5,40 | 5,50 | 5,50 | 5,50 |
| Selic (% a.a.) | 15,00% | 12,25% | 10,50% | 10,00% |
IPCA de outubro surpreende e pressiona revisões do Focus
A nova rodada de revisões foi influenciada pelo dado do IPCA de outubro, que registrou alta de 0,09%, o menor resultado para o mês em 27 anos. Os economistas consultados pelo BC esperavam uma variação bem maior, de aproximadamente 0,26%.
O índice mais comportado foi puxado principalmente pela queda de 2,39% na energia elétrica residencial, refletindo a troca da bandeira tarifária vermelha patamar 2 pela vermelha patamar 1, que possui tarifa adicional menor.
Além do fator energia, a atual taxa básica de juros, 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas, também tem contribuído para conter as expectativas. O Banco Central reforça que as decisões de política monetária operam com defasagem entre 6 e 18 meses, e, portanto, parte do efeito observado agora reflete medidas adotadas ainda nas gestões anteriores da autoridade monetária.
PIB segue estável nas projeções
O mercado financeiro manteve as expectativas para o crescimento da economia brasileira. A projeção para o PIB de 2025 permaneceu em 2,16%, enquanto a estimativa para 2026 segue em 1,78%.
O Produto Interno Bruto representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é um dos principais indicadores de atividade econômica.
Taxa Selic deve se manter em 15% até o fim de 2025
A taxa Selic deve se manter em 15% ao ano até o fim de 2025, segundo as projeções atualizadas do mercado financeiro no Boletim Focus. Os economistas não alteraram as estimativas para os próximos anos: a expectativa é de que a taxa básica caia para 12,25% em 2026 e recue ainda mais para 10,50% em 2027. A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, influenciando o custo do crédito, o consumo e o ritmo de atividade econômica no país.
As projeções para o câmbio registraram leve ajuste no Boletim Focus: o dólar esperado para o fim de 2025 recuou de R$ 5,41 para R$ 5,40, enquanto a estimativa para o encerramento de 2026 foi mantida em R$ 5,50. No setor externo, o mercado projeta um superávit comercial de aproximadamente US$ 62 bilhões em 2025 e de cerca de US$ 66 bilhões em 2026, indicando continuidade de saldos positivos na balança comercial brasileira ao longo dos próximos anos.
O que dizem os economistas sobre a inflação projetada pelo Focus
O economista Maykon Douglas destaca que a inflação corrente vem se aproximando da meta, o que era impensável há alguns meses. “Os núcleos apresentam uma boa composição, embora sigam acima da meta. No entanto, as expectativas mais longas registram uma pausa no movimento sincronizado de queda, que voltou a ocorrer a partir de meados do mês anterior“, destaca.
Ele também avalia que o mercado precisa rever essa queda consistente nas expectativas longas. “Isso é o que dará segurança para que o Copom inicie o ciclo de cortes da taxa Selic em 2026“, conclui.
Panorama geral
O boletim desta semana mostra avanços, especialmente na convergência da inflação para níveis compatíveis com o sistema de metas. A combinação entre juros elevados, impacto da bandeira tarifária e melhora fiscal contribuiu para o ajuste das projeções.
O mercado segue atento ao comportamento dos preços administrados, do câmbio e das decisões futuras da diretoria do Banco Central sob nova liderança, além das condições das contas públicas, que permanecem como um dos principais fatores de risco para as projeções.
















