A discussão sobre o futuro da matriz energética global voltou ao centro do debate e Fabio Fares, especialista em análise macro, analisou o contexto no programa BM&C News desta quinta-feira. Fares afirmou que a narrativa internacional que defende uma transição rápida para fontes renováveis está distante das condições reais da economia mundial, que continuará dependendo do petróleo.
Segundo ele, apesar do avanço das tecnologias limpas, o petróleo seguirá desempenhando um papel estrutural e duradouro. “O mundo continuará dependente do petróleo para sempre”, afirmou Fares.
Petróleo no radar: limitações das renováveis e desafios da estabilidade energética
Na avaliação de Fares, as fontes renováveis ainda não oferecem a estabilidade necessária para sustentar a economia global. A intermitência da energia solar e eólica exige mecanismos de suporte, como baterias ou fontes complementares, o que ainda representa um alto custo em escala.
Com a digitalização acelerada e o aumento exponencial da demanda energética, Fares alerta que a oferta de energia limpa pode não acompanhar o ritmo. Hoje, mesmo países líderes em energia renovável recorrem a termelétricas ou ao próprio petróleo para garantir segurança energética em momentos críticos.
China avança; Ocidente enfrenta obstáculos políticos
Ao comparar modelos energéticos, Fares destacou que a China apresenta uma matriz mais robusta e com maior continuidade estratégica, enquanto o Ocidente enfrenta entraves internos que prejudicam o planejamento.
“O Ocidente precisa de uma estratégia clara e coesa. A polarização política afeta o progresso”, disse.
Para o estrategista, a falta de alinhamento entre governos, reguladores e empresas cria um ciclo de indecisão que atrasa investimentos estruturais. Nesse cenário, a dependência do petróleo tende a se prolongar por mais tempo.
Taxas de juros e política fiscal moldam o ritmo dos investimentos
Fares também chamou atenção para o papel da política fiscal e da taxa de juros na transição energética. Juros elevados encarecem o custo de capital e reduzem o apetite por projetos de infraestrutura, inclusive os relacionados à energia limpa.
Isso afeta diretamente setores intensivos em capital, como tecnologia, combustíveis alternativos e desenvolvimento de novas matrizes energéticas. “Taxas de juros elevadas podem desestimular investimentos em infraestrutura energética”, afirmou.
A lógica é simples, quanto mais caro o dinheiro, maior a exigência de retorno o que pressiona prazos e reduz viabilidade de projetos sustentáveis.
Como os investidores devem navegar nesse cenário?
A combinação de incerteza energética, risco político e juros elevados cria um ambiente que exige estratégia e prudência. Para Fares, investidores precisam observar:
- a trajetória da demanda global por energia, ainda fortemente apoiada em petróleo;
- os limites técnicos das renováveis;
- as oportunidades de longo prazo abertas pela transição energética;
- o impacto das políticas monetárias no custo do capital.
A leitura central, segundo ele, é que o portfólio ideal deve equilibrar os riscos da dependência prolongada do petróleo com o potencial das energias limpas, principalmente em um mundo em que a geopolítica influência preços, oferta e segurança energética.
Petróleo, renováveis e o futuro da economia global
Enquanto governos buscam soluções sustentáveis e empresas tentam adaptar-se à transição, a análise de Fares reforça que o petróleo continuará sendo o eixo da produção global por muitos anos. Paralelamente, a corrida por energias alternativas cresce, mas ainda em ritmo insuficiente para suprir a demanda crescente.
Nesse cenário, a interação entre analistas, investidores e formuladores de políticas será determinante para definir os próximos passos da matriz energética mundial.
















