O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (12) em leve queda de 0,07%, aos 157.632,90 pontos, interrompendo uma série histórica de quinze altas consecutivas e doze recordes de fechamento. O movimento foi marcado por realização de lucros, após o forte rali recente que havia impulsionado o índice a máximas históricas. O volume financeiro somou aproximadamente R$ 29,5 bilhões.
Durante o dia, o principal índice da B3 oscilou entre mínima de 156.559,71 pontos e máxima de 158.133,83 pontos. No câmbio, o dólar comercial subiu 0,37%, cotado a R$ 5,292, revertendo cinco dias seguidos de queda. No mercado de juros, os DIs operaram mistos, com leve alívio nas taxas mais longas.
O que explica a queda do Ibovespa?
Segundo Fábio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da FBNF – Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças, o pregão foi típico de realização de lucros após várias sessões de valorização. “Petrobras cai no dia de hoje sentindo a queda do preço do petróleo lá fora após a OPEP revisar projeções de oferta e consumo. A OPEP reportou superávit nos mercados de petróleo no terceiro trimestre por conta de uma produção excedente para o ano de 2026”, explicou.
O economista destacou ainda que outras petroleiras, como PetroRecôncavo e Brava Energia, também acompanharam a queda da commodity, pressionando o setor de energia na bolsa brasileira. “Lá fora, a Nasdaq também cai seguindo o movimento de correção das techs que subiram bastante, principalmente após a divulgação de balanços”, afirmou Louzada.
Ele lembrou que o mercado internacional acompanha com expectativa o fim do shutdown nos Estados Unidos, o que impulsionou o Dow Jones nesta quarta-feira. “Enquanto isso, o ouro se valoriza com investidores esperando pela reabertura do governo norte-americano com o fim da paralisação do shutdown”, complementou.
Altas e baixas
Entre as altas, destaque para empresas de siderurgia e mineração, beneficiadas pela valorização do minério de ferro. Vale (VALE3) subiu 1,11%, acompanhada por Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3). O papel da B3SA3 também teve desempenho positivo, após divulgar balanço visto como favorável: o lucro líquido por ação cresceu 12% no terceiro trimestre e a receita aumentou 2% ante o mesmo período de 2024.
Por outro lado, o setor de petróleo foi o principal vetor de queda. Petrobras (PETR4) recuou 2,56%, acompanhando a desvalorização do barril no exterior. A estatal foi a maior pressão negativa sobre o índice. Banco do Brasil (BBAS3) caiu 2,85% após divulgação de resultado trimestral. Também pesaram as ações de CVC (CVCB3), que recuaram após balanço considerado fraco e menor ritmo de abertura de lojas, devolvendo parte do ganho expressivo da véspera.
Influências externas
Além da realização doméstica, o ambiente externo trouxe volatilidade. As bolsas de Nova York operaram sem direção única: o Nasdaq recuou com ajuste nas gigantes de tecnologia, enquanto o Dow Jones subiu com a perspectiva de resolução do impasse orçamentário nos EUA. A expectativa pelo fim do shutdown e pela retomada da divulgação de dados macroeconômicos importantes, como inflação e emprego, também ajudou a sustentar o dólar mais forte frente a emergentes.
Segundo Louzada, “a valorização do dólar hoje é reflexo direto dessa expectativa pelo fim do shutdown e pelo retorno da divulgação de dados que influenciam as decisões de política monetária nos EUA”.
O que esperar para os próximos dias?
Com o fim do rali de alta, o mercado deve entrar em fase de consolidação, testando suportes próximos de 156 mil pontos. Apesar da leve queda, analistas mantêm visão construtiva para o curto prazo, apostando que o fluxo estrangeiro e os balanços corporativos ainda podem sustentar a bolsa em níveis elevados.
Entre os próximos gatilhos, investidores acompanham a divulgação de novos indicadores domésticos, além da evolução do cenário político norte-americano e das commodities. Caso o petróleo siga em queda e o minério se mantenha firme, a rotação setorial deve continuar favorecendo mineração e siderurgia em detrimento de energia e turismo.
















