Na análise da ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, afirmou ao BM&C News que o Banco Central optou por manter uma postura “claramente cautelosa” na condução da política monetária. Segundo ele, a autoridade monetária só deve iniciar o ciclo de cortes de juros em março, quando a inflação deve atingir a chamada “zona de segurança”.
Apesar dessa projeção, Agostini não descarta a possibilidade de um movimento antecipado. Caso o ambiente econômico permita, especialmente no que diz respeito ao comportamento da inflação e ao risco fiscal, o Banco Central poderia avaliar um corte já em janeiro. Para o economista, a projeção é para março, mas esse cenário ainda está no radar.
Inflação deixa Banco Central cauteloso?
Agostini explicou durante o programa que o principal ponto de atenção da autoridade monetária não está apenas nos próximos meses, mas no comportamento fiscal de 2026, ano eleitoral que historicamente traz pressões adicionais sobre os gastos públicos.
“O BC observa o risco fiscal de 2026, quando, historicamente, o governo tende a aumentar os gastos e a liberar emendas, o que pode pressionar a inflação nos próximos anos”, afirmou Agostini.
Essa preocupação reforça a estratégia de prudência adotada pelo colegiado: antes de iniciar cortes, o Banco Central quer garantir que a convergência da inflação à meta seja sustentável, e não apenas resultado de um alívio temporário de preços.
Além disso, a ata do Copom trouxe referências à necessidade de acompanhar os efeitos defasados das decisões anteriores. Para Agostini, isso reforça a mensagem de que o BC está calculando cuidadosamente cada passo para evitar correções futuras.
Qual o impacto de uma redução antecipada dos juros?
Na visão de Agostini, qualquer movimento para antecipar o início do ciclo de cortes teria impacto direto nas expectativas do mercado, mesmo que o corte fosse pequeno.
“As expectativas de mercado são sensíveis a mudanças na política monetária; por isso, qualquer sinal de uma possível redução nos juros pode melhorar a confiança de operadores financeiros”, afirmou.
Segundo ele, juros menores:
- aliviam o custo do crédito para empresas e famílias;
- melhoram o humor dos investidores;
- incentivam novas decisões de consumo e investimento;
- e podem acelerar a atividade econômica.
O economista ressaltou ainda que confiança e previsibilidade são fundamentais para setores que dependem diretamente de crédito. Uma sinalização antecipada poderia destravar decisões importantes, especialmente no setor produtivo.
O que esperar do cenário macroeconômico?
Agostini reforçou que o Banco Central está analisando um conjunto de variáveis que vão além da inflação corrente. O risco fiscal, a trajetória das expectativas, o comportamento das commodities e o ambiente político serão determinantes para definir o início do ciclo de afrouxamento.
O cenário, segundo ele, permanece volátil. Embora o mercado esteja dividido entre cortes em janeiro ou março, o economista destaca que o BC só agirá quando houver segurança suficiente de que o processo de desinflação não será comprometido.
Para os investidores, a recomendação é clara: acompanhar atentamente as próximas comunicações do BC, ajustar estratégias conforme o tom das atas e discursos, e considerar que o cenário fiscal de 2026 tende a ganhar cada vez mais relevância na análise de risco.
















