O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, negou nesta quarta-feira (12) que a instituição tenha dado “qualquer sinal” sobre a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Na reunião da semana passada, o colegiado manteve a taxa Selic em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006.
A ata do Copom, divulgada nesta terça-feira (11), dividiu analistas do mercado. Parte dos economistas avaliou que o documento apresentou um tom mais leve, o que poderia abrir espaço para cortes de juros diante da recente desaceleração da inflação. Outros, no entanto, enxergaram uma postura mais cautelosa, sinalizando a manutenção do tom restritivo da política monetária.
Galípolo reforçou que a instituição não antecipa decisões e baseia suas ações em fatos e dados. “Se você entendeu que alguma questão da nossa comunicação foi um sinal sobre o que o Banco Central pode vir a fazer no futuro, você entendeu errado”, afirmou o presidente a jornalistas.
Segundo ele, a condução da política monetária segue fundamentada em evidências concretas. “Toda a comunicação e toda ação do BC têm sido apoiadas em questões factuais, e todas as nossas reações têm sido dependentes de dados”, disse.
Galípolo também destacou a clareza do papel institucional do Banco Central. “Todo mundo pode brigar com o Banco Central. O Banco Central não pode brigar com dados. De todas as instituições que existem, o BC é o único que tem o objetivo mais claro de todos. Nós temos uma meta”, concluiu.
Além de Gabriel Galípolo: veja mais sobre a ata do Copom
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou que o juros em 15% ao ano será mantido por um período prolongado. A avaliação consta da ata da 274ª reunião do comitê, divulgada nesta terça-feira (11), e reforça o compromisso com a convergência da inflação à meta.
Segundo o documento, o colegiado considera que a política monetária atual é “significativamente contracionista” e suficiente para assegurar a desaceleração dos preços. “Na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê dá prosseguimento ao estágio em que opta por manter a taxa inalterada por período bastante prolongado, mas já com maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, afirmou o BC.
Analistas veem Copom mais confiante e com tom ligeiramente mais brando sobre juros
Para Leonardo Costa, economista do ASA, o Copom mostrou convicção crescente de que o nível atual de juros é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta, mesmo sem sinalizar cortes no curto prazo. “A leitura de um cenário mais benigno, com melhora da inflação corrente e das expectativas, além da confiança na desaceleração da atividade doméstica, dá um tom mais dovish ao comunicado”, avaliou.
Costa destaca que o Banco Central destacou o cenário externo incerto, citando tarifas comerciais dos Estados Unidos, o risco de shutdown e a indefinição sobre o ciclo de cortes do Federal Reserve. No ambiente doméstico, o economista observou que a atividade mostra moderação, com o mercado de trabalho ainda aquecido, enquanto o arrefecimento do crédito e da demanda aponta para o efeito esperado da política monetária. “O quadro é de reequilíbrio gradual entre oferta e demanda, o que favorece a convergência da inflação”, disse.
O economista também ressaltou que a inflação corrente apresenta quadro mais favorável, com recuo em bens e alimentos e leve alívio em serviços, embora ainda pressionada pela demanda. As projeções do Banco Central indicam inflação de 4,6% em 2025, 3,6% em 2026 e 3,3% no segundo trimestre de 2027, incorporando o impacto da nova isenção do Imposto de Renda e da bandeira tarifária amarela para os próximos anos. “O Copom reduziu a retórica de alerta e consolidou uma mensagem de estabilidade”, concluiu.
















