O setor de serviços do Brasil avançou 0,6% em setembro na comparação com agosto, registrando o oitavo resultado positivo consecutivo e acumulando alta de 3,3% no período. Com o desempenho, o volume total de serviços passou a operar 19,5% acima do nível pré-pandemia, atingindo o maior patamar da série histórica. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com setembro de 2024, o setor cresceu 4,1%, no acumulado do ano, a alta é de 2,8%, enquanto em 12 meses o avanço permanece em 3,1%, repetindo o ritmo de crescimento observado até agosto.
Transportes seguem como principal motor do setor de serviços
Três das cinco atividades pesquisadas registraram crescimento em setembro. O destaque ficou com o setor de transportes, que subiu 1,2% e alcançou o segundo mês seguido de alta, acumulando ganho de 1,5%. Segundo o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, o grupo tem sido o principal responsável pela sustentação do crescimento recente.
“O grande destaque é a renovação do ápice da série histórica, agora em setembro de 2025. Essa renovação vem acontecendo desde o último mês de abril. O setor de transportes tem sido o grande responsável por essa sequência de taxas positivas”, afirmou Lobo.
O levantamento mostra que o transporte rodoviário de cargas segue como o principal motor do setor, acompanhado pela expansão do transporte aéreo de passageiros e da logística de mercadorias impulsionada pelo comércio eletrônico.
“Dentro do setor de transportes também chamam a atenção, ao longo do ano, o avanço do transporte aéreo de passageiros e da logística de transporte. O primeiro em decorrência de um maior número de deslocamentos das pessoas, seja pelo aumento da renda, como pelo fato de termos uma média de preços das passagens mais baixa do que a observada no ano passado. O segundo cresce em função da maior comercialização de mercadorias adquiridas em plataformas de comércio eletrônico”, explicou o gerente.
Outros segmentos também avançam
O segmento de informação e comunicação registrou avanço de 1,2% em setembro, recuperando a perda de 0,5% observada no mês anterior, com destaque para as áreas de consultoria e tecnologia da informação. Já a categoria de outros serviços cresceu 0,6%, marcando o terceiro resultado positivo seguido e acumulando ganho de 2,5%, impulsionada por seguros, previdência complementar e planos de saúde.
Por outro lado, serviços profissionais, administrativos e complementares apresentaram queda de 0,6%, refletindo a redução nas receitas de aluguel de máquinas e equipamentos e atividades jurídicas. Os serviços prestados às famílias também recuaram 0,5%, pressionados pela menor receita proveniente do setor de restaurantes.
Turismo mantém estabilidade no setor de serviços
O índice de atividades turísticas variou 0,1% em setembro, registrando o segundo mês consecutivo de leve alta, período em que acumulou ganho de 1,1%. O segmento está 11,5% acima do nível pré-pandemia e apenas 2% abaixo do recorde histórico atingido em dezembro de 2024.
Entre os 17 estados pesquisados, 10 registraram avanços. Os maiores crescimentos a seguir:
- Rio Grande do Sul (+2,7%);
- Paraná (+2,0%);
- São Paulo (+0,2%);
- Pará (+4,9%).
Já as principais quedas ocorreram em:
- Rio de Janeiro (-0,6%);
- Goiás (-3,8%),
- Ceará (-3,2%).
Transporte de cargas mantém fôlego e sustenta o setor
O volume de transporte de passageiros cresceu 0,4% na passagem de agosto para setembro, acumulando alta de 0,8% no período. O segmento opera 10,3% acima do nível de fevereiro de 2020, mas ainda 15,2% abaixo do pico de fevereiro de 2014.
O transporte de cargas registrou alta de 0,7%, quinto resultado positivo seguido, com ganho acumulado de 3,1%. O setor está 39,7% acima do nível pré-pandemia e apenas 3,3% abaixo do recorde de julho de 2023.
Economistas destacam resiliência e mudança no ritmo de crescimento
Para Rafael Perez, economista da Suno Research, o desempenho do setor reforça a resiliência dos serviços em meio a um ambiente ainda desafiador. “Esse resultado reflete a continuidade da demanda por serviços empresariais e tecnológicos, sustentada pelo crescimento da renda e pelo dinamismo do e-commerce”, afirmou. Ele acrescenta que, apesar da força do setor, o ritmo de crescimento tende a ser mais contido a partir do quarto trimestre, diante dos efeitos da política monetária e da redução dos estímulos. Perez projeta um crescimento de 2,3% para o PIB em 2025, com os serviços ainda como principal motor da economia.
Na avaliação de Maykon Douglas, economista, o avanço de 0,6% em setembro superou as expectativas do mercado, que projetava alta de 0,4%. “Mesmo os serviços às famílias, que caíram na margem, apresentaram melhora quando se considera a média trimestral anualizada, de -3,8% em agosto para apenas -0,3% em setembro, destacou o economista. Ele aponta que os serviços continuam sendo o setor menos afetado pelo atual quadro de desaceleração da economia doméstica. “Não apenas pela resiliência dos setores em geral, embora o percentual de atividades em alta esteja um pouquinho abaixo da média histórica, mas também pela retomada do segmento de transportes desde o mês de abril. Ou seja, os juros altos têm pesado sobre a economia em geral, mas o setor tem surpreendido“, conclui.
De acordo com Leonardo Costa, economista do ASA, o resultado confirma a força do setor de serviços como sustentação do nível de atividade. “O avanço de 0,6%, acima das expectativas, reflete ganhos disseminados, com três dos cinco grupos em alta. A combinação entre logística, informação e comunicação tem sustentado o crescimento em ritmo moderado. Mantemos viés de alta para o PIB do terceiro trimestre, estimado em +0,2%”, afirmou.
















