O Ibovespa encerrou esta segunda-feira (11) em alta pelo 15º pregão consecutivo, igualando o recorde histórico de 31 anos, alcançado em meados de 1994, durante o lançamento do Plano Real. O principal índice da Bolsa brasileira avançou 0,52%, encerrando o dia aos 157.748,60 pontos, após atingir a máxima intradiária de 158.467,21 pontos — um novo patamar histórico para o mercado acionário nacional.
Segundo levantamento da BM&C News com base em dados da B3, o movimento atual é o mais longo ciclo de ganhos em mais de três décadas, superando o recorde anterior de 12 pregões consecutivos de alta registrado entre 15 de maio e 2 de junho de 1997, período de forte entusiasmo com o programa de privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. Desde 22 de outubro, o Ibovespa não fecha em queda, refletindo o momento mais prolongado de otimismo dos investidores brasileiros desde os anos 1990.
Rally de alta é impulsionado por cenário externo e resultados corporativos
Em entrevista à BM&C News, João Daronco, analista da Suno Research, destacou que parte importante desse movimento vem do ambiente internacional. “Grande parte do fôlego vem lá de fora. Desde abril, após as medidas anunciadas pelo governo Trump relacionadas à taxação, vimos um fluxo estrangeiro mais consistente em direção a mercados emergentes, incluindo o Brasil”, afirmou.
Para o analista, a temporada de balanços corporativos também tem sustentado o rali. “Os resultados das empresas têm surpreendido positivamente. Quando olhávamos o valuation da Bolsa meses atrás, havia um desconto de cerca de 40% em relação à média histórica. Hoje esse indicador já se aproxima da média, o que reforça a atratividade do mercado”, avaliou Daronco.
Entre os destaques corporativos, o analista citou o desempenho das grandes instituições financeiras. “Com lucros crescentes em bancos como Itaú, e empresas que têm mostrado resiliência mesmo com juros elevados em 15%, há espaço para continuidade das altas, desde que os resultados se mantenham sólidos”, pontuou.
Daronco chamou atenção também para a performance diferenciada entre setores: “Empresas com fundamentos fortes e resultados operacionais consistentes estão performando melhor do que aquelas que ainda mostram fragilidades, como é o caso de alguns grupos do setor de varejo e cosméticos.”
Ele mencionou o exemplo da Movida, que subiu 16% após a divulgação do resultado trimestral, como símbolo dessa resiliência. “Nada mudou estruturalmente na empresa em um dia, mas o resultado reforçou a confiança do investidor no modelo de negócio.”
Expectativas e cautela no horizonte
Apesar do otimismo, Daronco alertou para os desafios à frente. “O final do ano é um período naturalmente mais volátil, e 2026 tende a ser marcado por uma eleição polarizada, o que traz incerteza. Ainda assim, as coisas têm caminhado bem para o mercado acionário brasileiro”, afirmou.
Além disso, o analista ressaltou que o pagamento de dividendos e remessas de lucros ao exterior no fim do ano pode gerar pressões pontuais sobre o câmbio. “É um movimento sazonal que pode trazer algum impacto sobre o dólar, mas não altera a tendência estrutural positiva da Bolsa”, disse.
Histórico de ralis e momentos de euforia
Ao longo das últimas décadas, o Ibovespa já apresentou outros ciclos expressivos de alta, embora mais curtos. Entre os principais:
- Julho de 2024: 11 pregões consecutivos de alta;
- Outubro de 2009: 10 pregões seguidos, em meio à recuperação pós-crise global;
- Abril de 2016: 9 sessões positivas, durante o processo de impeachment e expectativa de mudanças políticas e fiscais.
O atual movimento, no entanto, supera todos esses marcos e reafirma o otimismo do mercado brasileiro em um momento de estabilidade internacional e expectativa de avanço em reformas estruturais no país.
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