A transição energética é um tema central nas discussões internacionais, principalmente com a chegada da COP30. No Painel BM&C, Paula Moraes e os comentaristas Carlos Honorato, Roberto Dumas e Pedro Rodrigues discutiram as complexas relações entre a política ambiental do Brasil e suas implicações econômicas. Os especialistas abordaram como o Brasil tenta se afirmar como líder ambiental, mas enfrenta constantes críticas internacionais e contradições internas.
“Falta confiança ou sobra discurso?” Esse questionamento proposto por Dumas, reflete a desconfiança em relação ao compromisso do Brasil em cumprir suas metas ambientais em meio a COP30, em um cenário em que as promessas parecem não se traduzir em ações concretas.
“Estamos vendo muitas falas, mas pouca ação efetiva“, complementou Rodrigues, sinalizando a necessidade de um compromisso mais tangível.
COP30 no radar
Rodrigues sustenta que o país já é uma referência em geração renovável, porém convive com custos na ponta e intermitência. Honorato reforça que soluções só prosperam se houver saída econômica clara: “Se não tiver uma saída econômica, é ilusão achar que eventos vão dar resultado”. Ele citou distorções locais, como penduricalhos tarifários, que corroem a competitividade mesmo em ativos amortizados.
O discurso de usar receitas do petróleo para financiar a transição dividiu os convidados. Para Rodrigues, pode ser um bom uso, mas cabe ponderar prioridades. “Será que o melhor uso é acelerar uma transição na qual já estamos à frente? Ou atacar problemas sociais mais urgentes?”
Na avaliação de Honorato, o país precisa definir direção e consistência regulatória. Sem confiança internacional, captações esvaziam. Críticas a contradições logísticas e de infraestrutura na COP30 foram relativizadas: para Dumas, o maior risco reputacional está menos na logística e mais em paradoxos entre discurso e prática.
Mercado, COP30 e o ‘S’ do ESG
Dumas ressalta que green bonds ajudam, mas não substituem políticas públicas e coordenação. “O papel do banco é financiar projetos cujo impacto ambiental seja aceitável”, dentro de marcos como os Princípios do Equador. Sem desenho de incentivos e regras estáveis, o capital privado não resolve sozinho o gap de financiamento.
Os convidados convergiram que o “S” do ESG segue subatendido no Brasil, saneamento, saúde e educação básica. “Priorizar entregas sociais imediatas pode gerar produtividade futura e maior capacidade de adaptação climática“, resumiu Dumas.
Relações exteriores e pragmatismo
Sobre o ruído político com os EUA, Dumas recomenda moderação retórica para preservar negociações comerciais e de investimentos. Honorato lembrou que, por trás do calor do debate, o pragmatismo econômico tende a prevalecer nas tratativas.
















