O mercado aguarda a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação do país, que será divulgado nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os investidores acompanham com atenção o resultado, que deve confirmar a tendência de desaceleração dos preços após a alta de 0,48% em setembro.
De acordo com as estimativas dos economistas, o IPCA de outubro deve mostrar um alívio na inflação, refletindo a combinação entre a moderação dos serviços e a queda nos preços administrados, especialmente de energia elétrica e combustíveis.
Projeção do DPEc do Daycoval: alta leve no IPCA, mas sem pressão inflacionária
Segundo o relatório do Departamento de Pesquisas Econômicas (DPEc) do Banco Daycoval, o IPCA de outubro deve subir 0,10%, impulsionado por altas em serviços, mas com o fim da pressão da energia elétrica atenuando o movimento.
Entre os destaques, o banco aponta:
- Serviços em alta, com destaque para passagens aéreas, aluguel residencial e itens de lazer;
- Deflação nos preços administrados, puxada pelo fim dos efeitos do bônus de Itaipu, pela mudança da bandeira tarifária vermelha 2 para vermelha 1 e pela redução nos preços da gasolina;
- Alimentação no domicílio voltando ao terreno positivo, com destaque para a alta das carnes vermelhas após meses de queda;
- Bens industriais com leve aumento, devido a pressões pontuais em automóveis usados e vestuário, mas ainda em comportamento benigno.
“Este IPCA não muda nossa expectativa de que a taxa Selic permaneça em 15% até o fim deste ano. A projeção para a inflação é de 4,5% em 2024 e 4,1% em 2025”, destaca o DPEc. “O principal núcleo (serviços subjacentes) deve registrar alta de 0,34%, o que mantém o desafio para o Banco Central e reforça a necessidade de cautela na política monetária”, conclui o relatório.
Leitura alternativa do ASA para O IPCA de outubro
Para o economista Leonardo Costa, do ASA, a leitura de outubro deve confirmar uma desaceleração significativa da inflação, com alta esperada de 0,15%, após a variação de 0,48% em setembro. No acumulado em 12 meses, a taxa deve recuar para 4,74%, ante 5,17% no mês anterior.
Segundo Costa, essa moderação reflete a queda nos preços de energia elétrica, com a mudança da bandeira tarifária, e deflação de alimentos, principalmente de carnes e produtos in natura. “O IPCA de outubro deve mostrar uma trégua relevante nos preços, refletindo tanto a queda de itens administrados quanto a acomodação dos serviços”, avalia o economista.
Nos núcleos da inflação, Costa prevê continuidade na desaceleração dos serviços subjacentes, que têm mostrado comportamento mais benigno nos últimos meses. “Esse movimento sinaliza perda gradual de pressão inflacionária no segmento mais inercial do IPCA, reforçando a leitura de um ambiente de preços mais controlado”, explica.
Expectativas do mercado
O mercado financeiro deve monitorar com atenção o resultado, principalmente em relação aos serviços subjacentes e à dinâmica dos preços administrados, que seguem como principais vetores para as próximas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom).
Se confirmada a desaceleração prevista por Daycoval e ASA, a leitura pode fortalecer a expectativa de manutenção da Selic e consolidar a percepção de que o ciclo de inflação no Brasil caminha para estabilidade, ainda que em meio a incertezas externas e fiscais.