O Senado americano deu um passo decisivo para encerrar o shutdown mais longo da história, que completa 41 dias nesta segunda-feira (10). A votação foi a primeira de uma série de manobras processuais necessárias para a retomada dos serviços federais e representou um avanço importante nas negociações entre democratas e republicanos.
Os parlamentares aprovaram uma legislação que permite o financiamento provisório da máquina pública e prevê uma nova votação sobre a extensão dos créditos fiscais da Lei de Cuidados Médicos Acessíveis. A medida busca aliviar parte da pressão causada pela paralisação, que já afeta milhares de trabalhadores e setores estratégicos da economia americana.
Um grupo de oito senadores democratas moderados articulou o acordo que viabilizou a aprovação inicial da proposta. Apesar do avanço, o fim do shutdown ainda depende de etapas adicionais: o texto precisa ser aprovado pela Câmara dos Representantes e, posteriormente, enviado ao presidente Donald Trump para sanção. Esse processo pode se estender por vários dias, prolongando as incertezas sobre a plena reabertura das agências e serviços federais.
Para a economista Andressa Durão, do ASA, o prolongamento do shutdown tem provocado apreensão entre agentes econômicos e investidores, principalmente pelo momento delicado das contas públicas americanas. Ela avalia que, o plano agora é que o Senado proponha algumas emendas que precisarão ser enviadas de volta à Câmara para ratificação, e a expectativa é de que a paralisação termine ainda nesta semana.. “O impacto econômico do shutdown, que já dura mais de 40 dias, começa a se tornar relevante, e o custo político de um impasse até o feriado de Ação de Graças, o mais importante nos Estados Unidos, provavelmente seria alto, já que o principal efeito sentido até agora tem sido no tráfego aéreo.”, afirmou.
Quais foram as repercussões do shutdown na economia dos EUA?
Os efeitos de uma paralisação prolongada vão muito além do funcionalismo público. Estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) indicam que cada semana de shutdown pode reduzir temporariamente o PIB americano, devido à interrupção de serviços, atrasos em pagamentos e perda de produtividade. Além disso, parte desses impactos tende a se estender ao setor privado, especialmente em empresas contratadas pelo governo federal.
Nesse sentido, o atraso na liberação de recursos para programas sociais e o adiamento de projetos de infraestrutura geram reflexos diretos sobre pequenas empresas e famílias de baixa renda. Bancos e companhias que dependem de dados econômicos federais também enfrentam dificuldades operacionais, já que relatórios oficiais, como indicadores de emprego e inflação, costumam ser suspensos durante o período de paralisação.
Por outro lado, o setor financeiro tem mostrado resiliência, reagindo com cautela, mas sem pânico. Analistas avaliam que a força do mercado de trabalho e o consumo interno robusto ajudam a amortecer os impactos de curto prazo, embora prolongamentos do impasse possam afetar a confiança empresarial e os investimentos.
Como o impasse político influencia o futuro das negociações?
A crise orçamentária reforça a percepção de que o sistema político americano enfrenta um ciclo de polarização prolongado. As divergências entre o Congresso e o Executivo, especialmente em temas fiscais, têm dificultado a construção de consensos sustentáveis. Além disso, o embate recorrente sobre o teto da dívida e as prioridades de gasto evidenciam a fragilidade das negociações entre as principais forças partidárias.