A Petrobras divulgou nesta quinta-feira, 06, os resultados do terceiro trimestre de 2025, apresentando desempenho operacional acima do esperado e um fluxo de caixa livre mais forte, impulsionado sobretudo pelos segmentos de Exploração & Produção (E&P) e Transporte & Armazenamento.
Segundo dados consolidados da companhia, o EBITDA ajustado recorrente somou US$ 16,8 bilhões, alta de 17% em relação ao trimestre anterior e acima das projeções da MSX. O lucro líquido alcançou US$ 6 bilhões, superando as estimativas de mercado e avançando ante os US$ 4,7 bilhões registrados no 2T25.
O trimestre também apresentou geração de caixa mais robusta. O fluxo de caixa livre (FCF) chegou a US$ 5,0 bilhões, alta de 44% na comparação trimestral, impulsionado por menor pagamento de impostos e melhora operacional. No mesmo período, o capex somou US$ 4,9 bilhões, refletindo aceleração dos projetos de exploração, produção e iniciativas ligadas à transição energética.
A estatal ainda confirmou US$ 2,3 bilhões em remuneração aos acionistas.
Produção maior e margens mais amplas
O segmento de Exploração & Produção voltou a ser o principal vetor de crescimento, com aumento de produção e melhores preços realizados. As margens do pré-sal continuaram elevadas, sustentando o desempenho consolidado do trimestre.
A área de Transporte e Armazenamento também contribuiu positivamente, refletindo ganhos de eficiência logística. Já Gás e Energias de Baixo Carbono permaneceu como o ponto mais fraco da composição, com volumes menores e margens pressionadas por custos e volatilidade regulatória.
Apesar dos números fortes em geração de caixa, o trimestre trouxe pontos de atenção relacionados à estrutura financeira. A Petrobras apresentou aumento da dívida líquida, decorrente não apenas do maior ritmo de investimentos, mas também de despesas financeiras mais altas.
Outro indicador monitorado por analistas, o retorno sobre o capital empregado (ROCE), registrou queda, refletindo pressão sobre rentabilidade no curto prazo em meio ao avanço de projetos considerados menos rentáveis, especialmente nas áreas de renováveis e downstream.
Para o trimestre reafirma a força operacional da Petrobras, mas aponta para um período que exigirá maior rigor na gestão financeira:
Visão de mercado
No curto prazo, a leitura predominante entre investidores deve ser positiva, apoiada na surpresa em lucro, geração de caixa e distribuição de dividendos. Entretanto, a composição financeira do trimestre sugere desafios para os próximos ciclos de resultado, principalmente no equilíbrio entre capex elevado, disciplina de capital e retorno ao acionista. “O 3T25 reforça a capacidade da companhia de gerar caixa e operar com eficiência, com EBITDA e FCF acima das expectativas. No entanto, o aumento da dívida e a redução do retorno sobre o capital investido exigem atenção, especialmente diante de um ciclo de investimentos mais intenso”, afirma Marco Saravalle, estrategista-chefe da MSX.
Segundo ele, a política de dividendos permanece atrativa no curto prazo, mas sua continuidade dependerá da capacidade da estatal de manter disciplina de capital e controlar a alavancagem. “O resultado é positivo no operacional e no sentimento de curto prazo, mas neutro quando olhamos um horizonte de 12 a 18 meses”, completa Saravalle.
















