O Brasil ocupa a 2ª posição no ranking mundial de juros reais, ficando atrás apenas da Turquia, segundo levantamento divulgado pela MoneYou em parceria com a Lev Intelligence nesta quarta-feira (5). O estudo considera a taxa de juros real ex-ante, isto é, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
O cálculo foi feito com base na equação de Fischer, utilizando a taxa DI de um ano e as projeções de inflação de cada país. No caso brasileiro, a análise considera uma taxa Selic de 15% ao ano e inflação projetada de 3,94%, conforme o Boletim Focus do Banco Central. O resultado coloca o país com uma taxa real estimada de 9,74% ao ano, reforçando o caráter contracionista da política monetária nacional.
Metodologia e panorama global do levantamento de juros reais
O levantamento reúne 40 países e no cenário base, o Brasil mantém a segunda posição mesmo diante de alterações marginais, o que demonstra a persistência de juros elevados em termos reais.
De acordo com o estudo, 77,6% dos países mantiveram suas taxas de juros, enquanto 3,6% elevaram e 18,8% reduziram. Esse comportamento global reflete a busca por equilíbrio entre inflação e crescimento, num contexto em que os Estados Unidos já iniciaram um ciclo de cortes moderados.
Ranking mundial de juros reais
A seguir, o top 10 dos países com as maiores taxas de juros reais do mundo, conforme o cenário base do levantamento:
| Posição | País | Taxa de Juros Real (%) |
|---|---|---|
| 1 | Turquia | 17,80% |
| 2 | Brasil | 9,74% |
| 3 | Rússia | 9,10% |
| 4 | Argentina | 5,16% |
| 5 | Índia | 4,21% |
| 6 | Colômbia | 3,66% |
| 7 | México | 3,54% |
| 8 | África do Sul | 3,31% |
| 9 | Tailândia | 2,77% |
| 10 | Indonésia | 2,41% |
Média global: 1,78%
Ranking nominal das maiores taxas de juros
Quando considerada a taxa nominal, sem descontar a inflação, o Brasil ocupa a quarta posição global, atrás de Turquia, Argentina e Rússia:
| Posição | País | Taxa Nominal (%) |
|---|---|---|
| 1 | Turquia | 39,50% |
| 2 | Argentina | 29,00% |
| 3 | Rússia | 16,50% |
| 4 | Brasil | 15,00% |
| 5 | Colômbia | 9,25% |
| 6 | México | 7,50% |
| 7 | África do Sul | 7,00% |
| 8 | Hungria | 6,50% |
| 9 | Índia | 5,50% |
| 10 | Indonésia | 4,75% |
Média global nominal: 5,48%
O que explica a posição do Brasil?
De acordo com o relatório, a posição do Brasil decorre de uma combinação entre juros elevados e inflação controlada. A manutenção da Selic em 15% ao ano, em um cenário de inflação próxima a 4%, mantém o país entre as economias mais restritivas do mundo. Mesmo que houvesse um corte de 25 pontos-base, o país ainda permaneceria na segunda posição global, com taxa real de 9,41% ao ano.
O documento também aponta que o cenário fiscal e político brasileiro continua pressionando o prêmio de risco. Apesar do alívio inflacionário recente, a atividade econômica aquecida e as incertezas sobre a condução das contas públicas justificam a cautela do Banco Central. “Enquanto o Federal Reserve corta juros, o BC brasileiro envia uma mensagem de prudência fiscal e de compromisso com a ancoragem das expectativas”, diz o relatório.
Comparativo internacional e contexto macroeconômico
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve iniciou um ciclo de cortes de 25 pontos-base, mas a comunicação de Jerome Powell gerou dúvidas sobre a intensidade do movimento. Já na Europa, o Banco Central Europeu manteve sua taxa estável, diante da persistência inflacionária. Esse ambiente reforça o destaque do Brasil como país com política monetária firme, ainda que com custos elevados para o crédito e o consumo.
No cenário emergente, países como Índia, México e Colômbia vêm reduzindo gradualmente suas taxas nominais, enquanto a Turquia, líder do ranking, adota juros extremamente altos para conter a escalada inflacionária.