A Axia Energia, nova marca da antiga Eletrobras, divulgou nesta quarta-feira (5) os resultados do terceiro trimestre de 2025, marcando uma fase de consolidação após a reestruturação da companhia. O lucro ajustado somou R$ 2,2 bilhões, o que representa uma queda de 68% em relação ao mesmo período do ano passado, resultado impactado principalmente pela remensuração regulatória de contratos de transmissão, fator contábil que reduziu o desempenho líquido, mas não comprometeu a geração operacional de caixa.
Apesar da retração no lucro, o Ebitda ajustado atingiu R$ 6,38 bilhões, com alta de 16% em relação ao trimestre anterior, evidenciando estabilidade nos resultados recorrentes. Esse desempenho reforça o foco da Axia em eficiência operacional e controle de custos, em um momento de ajustes estratégicos após a privatização e a nova fase sob a identidade corporativa reformulada.
O conselho de administração aprovou o pagamento de R$ 4,3 bilhões em dividendos intermediários, com data de pagamento marcada para 19 de dezembro de 2025. Os valores serão distribuídos da seguinte forma: R$ 1,581534687 por ação preferencial classe A, R$ 2,078419036 por ação preferencial classe B e R$ 1,889535942 por ação ordinária e golden share.
A data de corte para investidores na B3 será 14 de novembro de 2025, enquanto os detentores de ADRs listados na NYSE terão como referência o dia 17 de novembro. A partir dessa data, as ações passam a ser negociadas ex-dividendos.
Com esse novo anúncio, o montante total de proventos distribuídos em 2025 chega a R$ 8,3 bilhões, o que equivale a R$ 4,01 por ação. Segundo cálculos do analista Bernardo Viero, da Suno Research, esse volume representa um yield on cost de 10,6% em relação ao fechamento do ano passado — ou 6,6% considerando os preços atuais das ações PNB. Para o analista, o desempenho reforça o caráter mais previsível e rentável que a companhia vem buscando desde sua privatização. “A Axia reportou mais um bom trimestre, com estabilidade dos números em termos recorrentes refletindo a boa gestão de custos e despesas diante de uma leve queda nas receitas”, afirma Viero. Segundo ele, ao analisar o fluxo de caixa livre normalizado — que alcançou cerca de R$ 3,5 bilhões, o equivalente a 10% anualizado em relação ao valor de mercado atual —, fica evidente que os dividendos estão compatíveis com a geração de resultados da empresa.
Viero destaca ainda que, mesmo com a valorização recente dos papéis, o múltiplo P/FCL normalizado próximo de 10 vezes ainda indica um ponto de entrada atrativo para investidores de longo prazo, especialmente diante da natureza inflacionária dos contratos de geração e transmissão. Na sua avaliação, o atual ciclo marca uma virada importante para a Axia, que passou de um perfil de contenção pós-privatização para uma postura mais orientada à remuneração dos acionistas e expansão sustentável.
Além dos dividendos e do resultado operacional, a perspectiva de novas receitas amplia o horizonte de valorização da companhia. A liberação dos contratos em cotas — hoje remunerados em cerca de R$ 94/MWh — para comercialização no mercado livre, estimada em R$ 180/MWh, deve adicionar R$ 2 bilhões em faturamento adicional nos próximos dois anos, com metade do impacto esperado já em 2026. Como essa transição envolve uma migração contratual sem necessidade de novos investimentos, o ganho tende a se converter quase integralmente em geração de caixa.
Em paralelo, o plano de expansão no segmento de transmissão prevê R$ 12,5 bilhões em investimentos contratados até 2030, o que deve liberar uma receita adicional de R$ 1,7 bilhão ao longo do período. Esses movimentos indicam uma fase de crescimento sustentado, amparada por contratos reajustados pela inflação e por um ambiente regulatório mais estável, fatores que reforçam a solidez da Axia no setor elétrico.
Veja mais notícias aqui. Acesse o canal de vídeos da BM&C News.