O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu nesta quarta (05) manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano. No comunicado, o órgão destaca que essa decisão “é compatível com o cenário atual e com o processo de convergência da inflação à meta ao longo do horizonte relevante”. O comunicado enfatiza que o Comitê permanecerá monitorando atentamente os desenvolvimentos para a inflação, o câmbio, os choques de oferta, bem como o comportamento da atividade econômica e das expectativas de mercado.
O texto do comunicado sublinha que a estabilidade da taxa neste momento se baseia em projeções de inflação de médio prazo e no espaço ainda existente para ajustes futuros, caso se confirme o desvio das expectativas ou o surgimento de novos choques.
O Copom reforça seu compromisso com a estabilidade de preços e destaca que, apesar dos riscos externos elevados e das pressões domésticas, a margem para não subir os juros foi considerada adequada. A decisão foi unânime. “O comunicado é muito semelhante ao anterior, quase nada de mudança, embora o cenário tenha mudado bastante — é uma forma de defesa do Copom para que o mercado não mude a precificação”, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos que também ressalta a manutenção de uma parte importante do comunicado: “O comunicado ainda fala em continuar num patamar significativamente contracionista para um período bastante prolongado, o que vai gerar dúvidas no mercado financeiro se a reunião de janeiro também está fora do radar para uma possível mudança ou início de ciclo de corte de juros. Dezembro é muito improvável que eles mexam na taxa, e janeiro está ficando um pouco mais improvável também, depois dessa manutenção das palavras”.
A trajetória da Selic
Após iniciar 2016 em torno de 14%, o Banco Central iniciou um período de cortes contínuos que levou a taxa ao piso histórico de 2% ao ano em 2020, em meio às medidas de estímulo durante a pandemia. A partir de 2021, com o avanço da inflação, começou um forte ciclo de alta, que elevou a Selic para 13,75% em meados de 2022, nível que se manteve estável por quase um ano. Em 2023, o Copom iniciou uma sequência gradual de reduções, encerrada em 2024, quando o cenário inflacionário voltou a se deteriorar. Desde então, o Banco Central retomou o movimento de aperto monetário, levando a taxa para 15% em julho de 2025, o maior patamar desde 2017.
De acordo com o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (3), o mercado manteve as projeções para a taxa Selic em 15% ao fim de 2025, sinalizando expectativa de estabilidade no atual ciclo monetário. Para os próximos anos, os economistas projetam queda gradual dos juros, com a taxa recuando para 12,25% em 2026 e 10,50% em 2027, refletindo a perspectiva de desaceleração da inflação. Em relação ao IPCA, as estimativas seguem próximas da meta, com leve ajuste para 4,55% em 2025, estabilidade em 4,20% para 2026 e ligeira redução para 3,80% em 2027, indicando expectativa de convergência gradual dos preços ao longo do horizonte de projeção.
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