A Vale (VALE3) volta ao radar dos investidores não apenas pelos resultados robustos do terceiro trimestre, mas também pela possibilidade de anunciar dividendos extraordinários nos próximos meses. Segundo o analista Pedro Galdi, da AGF, a mineradora mantém uma estrutura de capital sólida, com baixo nível de endividamento e geração de caixa consistente, o que abre espaço para uma nova rodada de remuneração aos acionistas.
Em entrevista ao BM&C News, Galdi destacou que a companhia “gera muito caixa e vem reduzindo sua alavancagem”, o que lhe confere flexibilidade para distribuir lucros adicionais. “A dívida está super controlada. Se não houver grandes investimentos no curto prazo, a melhor decisão é remunerar o acionista”, afirmou o analista.
O especialista lembrou que a Vale tem histórico de retornos atrativos, combinando dividendos regulares e programas de recompra de ações. “O rendimento médio anual gira em torno de 8%, mas com o desempenho recente das ações, pode chegar próximo a 10%, o que é uma excelente taxa de retorno”, avaliou.
Mercado atento ao anúncio
No mercado, cresce a expectativa de que a companhia aproveite o cenário de liquidez e o caixa elevado para anunciar um dividendo extraordinário ainda em 2025. Alguns bancos e casas de análise projetam que, com a redução de investimentos em novos ativos e o fim de grandes desembolsos em CAPEX, a mineradora deve privilegiar a distribuição de lucros.
Galdi observa que, apesar da pressão do governo para elevar a tributação sobre dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), as empresas podem antecipar pagamentos antes de qualquer mudança nas regras fiscais. “Ninguém conseguiu sobretaxar o dividendo até agora, mas o governo está de olho nisso. As companhias sabem disso e podem se adiantar”, disse.
Perspectiva de médio prazo
O analista também citou declarações recentes da diretoria da Vale, indicando que não há aquisições relevantes no radar, o que reforça a tese de manutenção de uma política de distribuição robusta. A única exceção seria um ativo na Bahia que ainda está em discussão, mas sem impacto significativo na estrutura de capital.
Para Galdi, a mineradora segue “muito tranquila” em relação ao fluxo de caixa e aos investimentos programados. “A Vale está bem posicionada, com dívida controlada e disciplina de capital. Tudo indica que continuará devolvendo valor ao acionista, seja via dividendos, seja por recompra de ações”, concluiu.