O Ibovespa encerrou o pregão desta segunda-feira (27) em alta de 0,55%, aos 146.969 pontos, impulsionado pelo otimismo dos investidores após o encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O gesto político reacendeu as expectativas de um possível acordo comercial entre Brasil e Estados Unidos, reforçando o apetite por risco na Bolsa. Durante o dia, o índice chegou à máxima histórica intradiária de 147.976 pontos.
O dólar recuou 0,4%, cotado a R$ 5,37, acompanhando o fluxo de capital estrangeiro e o alívio no cenário macroeconômico. A queda refletiu o impacto positivo do Boletim Focus, que revisou para baixo as projeções de inflação e câmbio. Além disso, a melhora no ambiente político e econômico reforçou o movimento de busca por ativos de risco.
O que explica o movimento de alta do Ibovespa hoje?
Segundo Andressa Bergamo, especialista em investimentos e sócia-fundadora da AVG Capital, o tom positivo do mercado foi generalizado. “Bolsa em alta hoje com investidores otimistas em relação ao encontro entre Lula e Trump e de olho em possível acordo comercial entre os países. O mercado também reflete de forma otimista o Boletim Focus, divulgado mais cedo, que teve as expectativas tanto para a inflação como para o câmbio revisadas para baixo”, explica.
O relatório do Banco Central reduziu a projeção do IPCA de 4,70% para 4,56%, enquanto a estimativa para o dólar caiu de R$ 5,45 para R$ 5,41. “O alívio também faz o ouro, que vinha subindo com força, cair hoje”, completou Bergamo. Nesse sentido, o cenário mais favorável para os preços e o câmbio trouxe impacto direto sobre os juros futuros, que também recuaram no dia.
Além disso, a divulgação do CPI dos Estados Unidos na última sexta-feira, levemente abaixo das expectativas, reforçou a percepção de que o Federal Reserve pode promover mais uma redução de juros nesta semana. “O IPCA-15 também veio abaixo do esperado, o que reforça o tom positivo e o movimento de alta do Ibovespa”, destacou a analista.
Destaques corporativos do dia
Entre as principais ações do pregão, Petrobras avançou após divulgar dados de produção do terceiro trimestre acima do esperado. A melhora operacional e o otimismo global com o petróleo deram suporte adicional aos papéis. Já Usiminas (USIM5) subiu em movimento de correção, recuperando parte da forte queda de sexta-feira, quando reportou prejuízo líquido de R$ 3,5 bilhões — frustrando as expectativas de lucro de cerca de R$ 33 milhões.
Outro destaque de alta foi MBRF3, que disparou após o anúncio de um acordo com o fundo soberano da Arábia Saudita, avaliado em mais de R$ 2 bilhões. A parceria cria a nova marca Sadia Halal e amplia a presença da companhia no Oriente Médio e Norte da África. “O mercado reagiu super bem, já que a operação injeta capital, abre espaço em um mercado enorme e fortalece a marca lá fora — um passo que mostra visão estratégica e anima o investidor a voltar às compras”, afirmou Bergamo.
Por outro lado, Raízen (RAIZ4) caiu após a Fitch Ratings rebaixar o rating da companhia de BBB para BBB-, o que gerou cautela e fuga de parte dos investidores dos papéis. O movimento foi isolado, mas limitou um pouco a força do avanço do índice no dia.
O que esperar para os próximos pregões?
Com o ambiente mais favorável e os indicadores reforçando o otimismo, o Ibovespa consolidou mais uma sessão de valorização. No entanto, analistas alertam que o índice já se aproxima de níveis técnicos de resistência, o que pode abrir espaço para uma realização de lucros pontual nos próximos dias. Ainda assim, a tendência segue positiva, com foco nos desdobramentos da política monetária norte-americana e nas novas tratativas entre Brasil e EUA.
- Ibovespa: 146.969 pontos (+0,55%)
- Dólar: R$ 5,37 (-0,4%)
- Máxima histórica intradiária: 147.976 pontos
- Projeção IPCA Focus: 4,56%
- Projeção dólar Focus: R$ 5,41
Em síntese, o mercado iniciou a semana em tom de euforia moderada, impulsionado pelo novo clima diplomático e por expectativas de política monetária mais branda no exterior. O investidor, por ora, volta a olhar para o Brasil com maior confiança — e o resultado é uma Bolsa que segue renovando máximas em meio a sinais de estabilidade econômica e política.