Após enfrentar três meses consecutivos de retração, a atividade econômica voltou a crescer, porém de forma mais tímida do que o projetado. O IBC-BR, Índice de Atividade Econômica, avançou 0,4% em relação a julho, segundo dados divulgado nesta quinta-feira (16) pelo Banco Central. No entanto, o resultado ainda ficou aquém das expectativas de um aumento de 0,6%.
Leonardo Costa, economista do ASA, o IBC-Br de sinaliza uma leve retomada da atividade no início do terceiro trimestre. O especialista destaca que a alta foi puxada principalmente pela indústria (+0,22%) e serviços (+0,21%), enquanto a agropecuária recuou (-1,85%). “O índice ex-agropecuária cresceu 0,39%, reforçando que o núcleo da economia se manteve em expansão“, avaliou.
Por que a agropecuária apresentou queda?
Enquanto a indústria e o setor de serviços experimentaram crescimento, a agropecuária registrou uma diminuição de 1,9% no mesmo período. Essa retração pode ser atribuída a fatores externos, incluindo as novas tarifas dos EUA que podem ter impactado negativamente as exportações de produtos agropecuários.
Além disso, condições climáticas adversas e desafios logísticos internos também podem ter contribuído para essa queda inesperada. Mesmo com esses desafios, o desempenho positivo dos outros setores possibilitou um saldo positivo no IBC-Br, excluindo a agropecuária. Segundo Leonardo Costa, na comparação interanual, a agropecuária ainda se destaca positivamente (+3,87%), sendo um dos principais sustentáculos do resultado anualizado até o momento.
Qual é a perspectiva para a economia brasileira?
A política monetária do Banco Central está em um momento de estabilidade, com a taxa Selic mantida em 15% ao ano. Essa decisão reflete uma abordagem cautelosa, com o intuito de conter a inflação no país. A expectativa do mercado para 2025 é de um crescimento do PIB em torno de 2,16%, com uma ligeira desaceleração esperada para 2026, com estimativas de 1,80%.
Esses números destacam a importância de políticas econômicas eficazes que consigam equilibrar os desafios externos e internos que o Brasil enfrenta no cenário econômico global.
Leonardo Costa conclui sua análise sobre o IBC-Br de agosto: “a leve alta no mês confirma que a atividade segue positiva, mas com ritmo moderado e heterogêneo entre setores, compatível com um cenário de desaceleração gradual“.
IBC-Br: quais setores impulsionaram o crescimento econômico?
Dentro do panorama econômico de agosto, a indústria se destacou como o principal motor do crescimento, especialmente impulsionada por setores como manufatura e mineração.
Veja os destaques:
Segmento | Variação |
---|---|
Indústria | +0,49% |
Serviços | +0,62% |
Varejo | Recuperação modesta |
Impostos | -1,87% |
Agropecuária | Queda |
Em síntese, o resultado de agosto mostra que, embora a economia brasileira tenha retomado o crescimento após meses de retração, o avanço ainda é contido e concentrado em poucos segmentos. A expansão da indústria e dos serviços foi suficiente para sustentar um saldo positivo no IBC-Br, mas a queda da agropecuária evidencia as fragilidades estruturais e a dependência do país de fatores externos. Nesse contexto, o desempenho da economia segue alinhado a um cenário de desaceleração gradual, em que o desafio do governo e do Banco Central será manter o equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo à atividade produtiva, sem comprometer a confiança dos agentes no médio prazo.