Nos últimos 12 meses, o mercado imobiliário brasileiro apresentou sinais claros de contradição. Enquanto os lançamentos residenciais cresceram 12%, a concessão de crédito imobiliário recuou 18% no mesmo período. A leitura é direta: há mais imóveis disponíveis, mas menos famílias conseguem acessá-los. Entradas elevadas, juros altos e prazos de financiamento longos continuam sendo obstáculos para a realização da casa própria. Esse descompasso tem estimulado o surgimento de modelos alternativos de aquisição, que buscam reduzir barreiras históricas, oferecer previsibilidade e transformar a lógica de um dos setores mais tradicionais da economia brasileira.
Modelo inédito elimina entrada e transforma imóvel em ativo de renda
Nesse cenário, novas soluções imobiliárias vêm ganhando espaço ao propor formatos mais acessíveis e inteligentes. Entre elas, destacam-se modelos que permitem parcelar a entrada ao longo da obra — com prazos de até 48 meses — e atrelar a quitação futura à própria renda gerada pelo imóvel. Essa lógica inverte a percepção tradicional de que adquirir um apartamento significa assumir um passivo. Ao transformar a unidade em geradora de fluxo de caixa desde a entrega, cria-se uma alternativa voltada a profissionais de renda média e alta, como médicos, executivos e empresários, que buscam construir patrimônio sem comprometer todo o orçamento de forma imediata.
“Foi para atender essa necessidade que criamos o Rendapê, um modelo de aquisição de imóveis sem exigência de entrada. O comprador paga apenas 30% do valor do imóvel, enquanto os outros 70% são quitados com as parcelas pagas pelo inquilino. Diferente do modelo tradicional das construtoras, que costuma exigir cerca de R$ 60 mil de entrada, pensamos em oferecer uma solução inédita, prática e acessível de transformar o imóvel em um ativo que se paga sozinho”, explica Marcelo da Cruz, sócio-fundador do Grupo Referência.
Como funciona o “imóvel que se paga sozinho”
Na prática, o funcionamento é simples: durante a obra, o comprador paga parcelas fixas a partir de R$ 3,5 mil diretamente ao programa até a entrega das chaves. Depois, pode financiar o saldo em até 360 meses junto ao banco. Caso opte por não residir, o imóvel é administrado por uma proptech do Grupo Referência, que assume toda a gestão — da locação à manutenção.
Esse modelo garante uma rentabilidade mensal entre R$ 6 mil e R$ 10 mil, criando um fluxo previsível capaz de cobrir parte ou até a totalidade das parcelas do financiamento. “Não se trata de promessa de rentabilidade, mas de um modelo viável, no qual o próprio ativo gera os recursos necessários para sustentar sua compra, sem que o cliente precise comprometer seu orçamento mensal”, reforça Marcelo.
Alternativa ao consórcio e ao financiamento tradicional
O diferencial competitivo do modelo está em desafiar soluções tradicionais, como consórcios e financiamentos diretos com construtoras. O consórcio, embora favoreça o planejamento de longo prazo, não resolve a questão da entrada e depende de contemplação em assembleias. Já o financiamento convencional exige alto desembolso inicial e compromete o orçamento familiar por décadas.
O Rendapê, por outro lado, une as principais vantagens buscadas pelo comprador: entrada parcelada, disciplina de pagamento e possibilidade de retorno imediato via renda de locação. “A grande trava do setor sempre foi a entrada. Muitas famílias conseguem pagar prestações pequenas, mas não conseguem juntar um volume grande de entrada. Ao parcelar e atrelar à renda do aluguel, conseguimos resolver esse gargalo histórico. Estamos ressignificando o que é a poupança no Brasil”, completa Marcelo.
Mercados dinâmicos e o potencial de expansão
A expectativa de crescimento acompanha o movimento das cidades com alta demanda por hospedagem de curta duração, impulsionada por turismo e viagens corporativas. Mercados dinâmicos e com déficit de hospedagem tradicional tornam-se ambientes ideais para a aplicação do modelo, já que o imóvel pode ser colocado em plataformas digitais de locação, assegurando liquidez e rentabilidade.
Esse formato pode redefinir a forma como famílias de renda média e investidores conservadores enxergam o setor imobiliário. “Estamos diante de uma mudança estrutural. O imóvel deixa de ser apenas um passivo de longo prazo para se tornar um ativo de geração de renda e diversificação patrimonial, com gestão profissional e fluxo previsível”, avalia o executivo.
Projeções e impacto econômico
Com investimentos estimados em R$ 20 milhões nos dois primeiros anos e meta de faturamento de R$ 350 milhões até 2027, o Grupo Referência projeta consolidar o modelo como uma das principais alternativas de acesso ao crédito imobiliário no país. Mais do que uma inovação financeira, o projeto representa uma mudança cultural: previsibilidade, disciplina e geração de renda passam a ocupar o centro das decisões de compra.
Em um cenário de crédito restrito e juros elevados, soluções como o Rendapê mostram que o setor imobiliário brasileiro está pronto para se reinventar — e transformar o imóvel em algo além de um sonho: um ativo que, literalmente, se paga sozinho.