O novo Boletim Focus reforça a percepção de que o Banco Central deve manter a política monetária restritiva por mais tempo, mesmo diante da leve melhora nas projeções de inflação e câmbio. O IPCA recuou de 4,81% para 4,80%, enquanto o câmbio teve pequena valorização, passando de R$ 5,48 para R$ 5,45. Já o PIB segue projetado em 2,16%, e a Selic terminal permanece estimada em 15% para 2025 e 12,25% para 2026. O quadro indica continuidade do ciclo de juros altos e crescimento econômico moderado, com leve alívio inflacionário e estabilidade cambial.
Para analistas e gestores, a leitura geral é de prudência prolongada. O Banco Central deve aguardar sinais mais consistentes de convergência da inflação antes de iniciar qualquer movimento de corte — o que reforça a necessidade de gestão estratégica de caixa e disciplina financeira por parte das empresas.
“A leitura geral é de continuidade do ciclo de prudência do Banco Central”
“A economia está em uma desinflação gradual, com nova redução das projeções de inflação e leve melhora nas expectativas de câmbio. O Focus reforça isso. O mercado começa a enxergar um cenário mais controlado para os preços e um ambiente de política monetária menos pressionado, ainda que longe de cortes expressivos de juros. As projeções de PIB e Selic seguem estáveis, mostrando que o BC deve aguardar sinais mais firmes antes de alterar a estratégia. A renda fixa segue atrativa no curto prazo, enquanto a Bolsa tende a oscilar entre o alívio com a inflação e a preocupação com juros altos prolongados”, afirma Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
Juros altos, crescimento contido e eficiência no foco das empresas
Para João Kepler, CEO da Equity Group, o cenário é de estabilidade com desafios de crescimento. “A projeção de inflação mostrou leve alívio, e o câmbio segue comportado. A Selic em 15% indica continuidade de um ambiente de juros altos e crescimento moderado, mas com menor pressão inflacionária. Em Bolsa, o cenário favorece teses de eficiência e consolidação. Para founders, a mensagem é disciplina e governança como ‘moeda forte’ até a curva precificar cortes de 2026, sem perder o timing de construir parcerias estratégicas.”
Crédito estruturado se consolida em ambiente de juros altos
Segundo Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, a leitura do Focus reforça o protagonismo dos FIDCs e dos instrumentos de crédito estruturado. “O boletim traz uma mensagem clara: a economia segue em desinflação gradual, mas ainda sob juros elevados. Esse cenário consolida o crédito estruturado, especialmente os FIDCs, que continuam entregando retorno real expressivo com risco ajustado. A previsibilidade macro e a seletividade do capital criam um ambiente favorável para operações com lastro robusto, governança rígida e performance auditável.”
Venture Capital exige foco em eficiência e fundamentos
Para Antonio Patrus, diretor da Bossa Invest, o Focus desenha um cenário de estabilidade sem aceleração. “É um retrato de desinflação sob juros altos e investimento moderado. No Venture Capital, o reflexo é direto: capital mais criterioso e maior valorização de negócios com tração real e fundamentos sólidos. Startups com geração de caixa e impacto mensurável seguem em vantagem, pois oferecem resiliência em meio à seletividade dos investidores.”
Empresas buscam previsibilidade e disciplina financeira
O CEO da Multiplike, Volnei Eyng, destaca o lado positivo da estabilidade: “A leve melhora nas expectativas reforça o tom de estabilidade. A Selic projetada em 15% e o câmbio em R$ 5,45 dão mais clareza sobre custo de captação e reduzem a volatilidade. A inflação projetada em 4,80% reforça a confiança de que o controle de preços está se consolidando. Para as empresas, o ambiente é de previsibilidade, planejamento e busca por novas linhas de financiamento com menor pressão inflacionária.”
Governança e eficiência ganham protagonismo
De acordo com Richard Ionescu, CEO do Grupo IOX, o país caminha para um cenário de previsibilidade, mesmo com juros altos. “Isso abre espaço para planejamento de crédito mais eficiente e decisões baseadas em fundamentos, não em urgência. O crédito estruturado se consolida como ponte entre capital e crescimento, sustentando negócios que unem governança e visão de longo prazo.”
Investidores seguem cautelosos e seletivos
Para Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, o momento é de análise técnica e foco em qualidade. “O cenário mostra economia em ajuste, sustentada por juros altos e ritmo moderado. A renda fixa segue atrativa, mas exige olhar técnico para equilibrar risco e retorno. Em investimentos estruturados, governança e garantias sólidas continuam determinantes.”
Eficiência operacional e cultura de caixa são diferenciais
Segundo Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, o quadro atual reforça a importância da gestão de caixa e eficiência operacional. “Com inflação menos teimosa e Selic a 15%, margens melhoram na ponta, mas o custo financeiro segue alto. O foco deve ser em pricing, estoques e cobrança. Quem profissionalizar processos agora vai capturar prêmio quando a curva começar a ceder em 2026.”
Mercado imobiliário e construção ganham fôlego
Para Pedro Ros, CEO da Referência Capital, o cenário de juros altos e inflação controlada favorece o mercado imobiliário. “Com Selic em 15% e IPCA em 4,80%, há espaço para modelos com fluxo previsível e proteção de caixa. A inflação mais comportada reduz a incerteza de custos e reforça estratégias de renda e aquisição eficiente de ativos.”
Investidor busca diversificação e constância
Encerrando o panorama, Fábio Murad, CEO da Super-ETF Educação, reforça a importância da disciplina. “A leve melhora nas expectativas indica equilíbrio, mas com juros altos, é hora de construir estratégias baseadas em diversificação e constância. A renda fixa segue atrativa, mas os ETFs são o caminho mais eficiente para acessar diferentes mercados com baixo custo e liquidez. O ambiente é de estabilidade relativa — ideal para reforçar a disciplina e consolidar uma carteira equilibrada.”