O Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Banco Central mostrou poucas mudanças em relação à semana anterior, mas reforçou um movimento de leve ajuste nas expectativas de inflação e câmbio para 2025. O mercado reduziu a projeção para o IPCA de 4,81% para 4,80%, e a estimativa para o dólar de R$ 5,48 para R$ 5,45. Já a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) foi mantida em 2,16%, enquanto a taxa básica de juros (Selic) permaneceu estável em 15% pela décima quinta semana consecutiva.
Para os anos seguintes, as estimativas do Focus continuam apontando um cenário de convergência lenta da inflação. Em 2026, a projeção para o IPCA está em 4,28%, seguida de 3,90% para 2027 e 3,70% para 2028. No caso do câmbio, as previsões indicam um dólar de R$ 5,53 em 2026, R$ 5,65 em 2027 e R$ 5,56 em 2028. O economista Maykon Douglas avalia que o dado foi bastante semelhante ao da semana passada. O mercado reduziu suas projeções para o IPCA e para o dólar em 2025. Ele destaca que o IPCA, que será divulgado nesta semana deve vir com pressão da energia elétrica. “Como antecipado pelo IPCA-15, o número deve vir mais salgado em razão da energia elétrica, sobretudo pelo fim do Bônus de Itaipu, e com desinflação nos serviços subjacentes“, destaca.
Focus no radar do mercado
A agenda econômica desta semana deve ser marcada por menor volume de indicadores, mas o destaque será a divulgação do IPCA de setembro, prevista para sexta-feira (10). Segundo Maykon Douglas, o cenário geral continua exigindo cautela. “As expectativas longas permanecem estáveis, o que mostra que o processo de desinflação ainda não está consolidado. É preciso observar mais dados para confirmar se o movimento é estrutural ou apenas temporário”, completou.
No entanto, o economista pondera que essa desinflação nos serviços é resultado de fatores pontuais, como seguros automotivos e cinema, e não necessariamente de uma mudança estrutural no comportamento dos preços. “Ainda precisamos observar os próximos meses para entender se o mercado de trabalho iniciou um processo de inflexão, o que, de todo modo, deve ocorrer de forma moderada”, destacou.
O relatório também mostrou estabilidade nas projeções de juros e inflação de médio e longo prazo. A expectativa para a Selic de 2026 ficou em 12,25%, com redução gradual prevista para 10,50% em 2027 e 10% em 2028. Nesse sentido, Douglas reforça que o Banco Central deve adotar uma postura conservadora nas próximas reuniões. “O cenário atual ainda exige cautela, com a manutenção da taxa Selic no patamar atual nas próximas reuniões. ”, afirmou.
Projeções detalhadas do Relatório Focus
Projeções do Relatório Focus – Atualizadas em 06/10/2025
Indicador | 2025 | 2026 | 2027 | 2028 |
---|---|---|---|---|
IPCA (Inflação) | 4,80% (↓ de 4,81%) | 4,28% | 3,90% | 3,70% |
PIB (Crescimento) | 2,16% | 1,80% | 1,90% | 2,00% |
Câmbio (R$/US$) | 5,45 (↓ de 5,48) | 5,53 (↓ de 5,58) | 5,65 | 5,56 |
Selic | 15% (mantida por 15 semanas) | 12,25% | 10,50% | 10,00% |
Política monetária: cautela ainda é a palavra de ordem
A queda nas projeções não altera substancialmente o quadro macroeconômico. O cenário continua exigindo vigilância, e qualquer movimento precipitado na taxa de juros poderia comprometer o controle da inflação no longo prazo.
Com isso, o Focus divulgado nesta segunda-feira reforça a percepção de estabilidade no curto prazo e de um ambiente que ainda demanda prudência. Enquanto o mercado aguarda o IPCA de setembro, os dados mostram que o equilíbrio entre inflação, atividade e juros segue no centro das atenções da política monetária brasileira.