As investigações sobre escritórios de advocacia podem, por vezes, revelar intricadas redes de movimentações financeiras atípicas. Nos últimos anos, o escritório de Eric Fidelis chamou a atenção por movimentar mais de 14 milhões de reais em menos de três anos. Esse movimento ocorre em meio a alegações de envolvimento em fraudes relacionadas ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), sugerindo uma complexa teia de transações financeiras.
O escritório, aberto em junho de 2022, acumulou quantias significativas rapidamente. As investigações conduzidas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e pela Polícia Federal (PF) indicam que uma parte substancial dos valores provém de entidades suspeitas de manipular financeiramente aposentados e pensionistas. Entre novembro de 2023 e julho de 2025, o escritório relatou receitas de 6,6 milhões de reais e despesas de 5,3 milhões. Este cenário levanta suspeitas sobre a fonte desses recursos e a velocidade de crescimento dos negócios.
Como as Transferências Envolvem o INSS?
Um ponto crítico é a conexão entre o escritório de Eric e associações investigadas por aplicar descontos indevidos diretamente nos pagamentos de beneficiários do INSS. De acordo com a PF, cerca de 5,1 milhões de reais foram pagos por essas entidades, levantando dúvidas sobre a legitimidade desses contratos. O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, está entre os principais nomes associados aos repasses. Em suas alegações, apesar de reconhecer vínculos com essas entidades, ele sugere que os contratos eram legítimos.
Qual é o Papel do Coaf nas Investigações?
O Coaf desempenha um papel crucial ao destacar a incompatibilidade entre a renda declarada de Eric e suas atividades financeiras. Em um período de apenas seis meses, suas contas bancárias movimentaram mais de 10 milhões de reais, apesar de sua renda formal ser de apenas pouco mais de 13 mil reais mensais. Este descompasso é visto como um indicativo de possíveis irregularidades, com operações frequentemente realizadas entre pessoas físicas e jurídicas associadas ao escritório.
O Que Revela a Estrutura Jurídica Montada?

A estrutura jurídica criada por Eric Fidelis levanta dúvidas sobre seu possível uso para intermediar subornos destinados a seu pai, André Fidelis. Esta formação poderia sugerir um mecanismo sofisticado para mascarar a origem dos fundos e os verdadeiros propósitos dos contratos estabelecidos. O vínculo familiar entre Eric e o ex-diretor do INSS adiciona outra camada de complexidade às investigações, especialmente considerando os possíveis conflitos de interesses devido à atuação do escritório em ações contra o próprio INSS.
Com as investigações em curso, tanto pela Polícia Federal quanto pelo CPMI do INSS, a expectativa é que novas evidências possam vir à tona. As audiências futuras podem esclarecer as dinâmicas envolvidas e revelar os verdadeiros interesses por trás das movimentações financeiras aparentemente atípicas do escritório de advocacia de Eric Fidelis.