A recente pesquisa PoderData trouxe resultados relevantes sobre a avaliação do governo Lula. Segundo os números, houve um aumento na percepção de que a atual gestão está melhor em comparação ao governo anterior. Essa melhora reforça a estratégia de Lula de buscar estabilidade política e apoio social em meio a um cenário econômico desafiador.
Por outro lado, a pesquisa também revela uma resistência significativa em relação à figura pessoal do presidente. Como destacou o analista de economia e política, Miguel Daoud, mesmo com índices de aprovação mais elevados, o nome de Lula ainda divide opiniões. Essa dualidade entre a avaliação da gestão e a imagem do presidente abre espaço para questionamentos sobre o futuro político do país.
Existe espaço para outro candidato além de Lula na esquerda?
De acordo com Daoud, nesse momento a possibilidade de substituição de Lula dentro do projeto da esquerda não está colocada. O presidente atua em um plano firme de reeleição, mas ele próprio já sinalizou que sua idade pode ser um fator de incerteza. “Eu não sei se vou ter saúde para disputar essa reeleição”, costuma dizer. Ainda assim, todo o planejamento do Partido dos Trabalhadores está estruturado em torno do seu nome.
Nesse sentido, o analista lembra que o PT sem Lula perde força, enquanto Lula sem o PT continua sendo um ator central. Essa relação simbiótica faz com que o partido mantenha o presidente como sua principal aposta para 2026. A possibilidade de substituição só seria considerada em um cenário de saúde debilitada ou caso as condições políticas exigissem uma mudança de rumo.
Estratégia e cautela do governo Lula
Para Daoud, Lula adota uma estratégia de evitar expor outros nomes que poderiam se tornar alvos da oposição antes da hora. Mencionar publicamente uma eventual candidatura de Fernando Haddad, por exemplo, transformaria o ministro da Fazenda em “vidraça”, antecipando críticas e ataques que poderiam fragilizar sua imagem até a disputa eleitoral.
Além disso, a prioridade de Lula é atravessar os próximos anos com uma economia em crescimento, sustentada pelo aumento da arrecadação e pela manutenção dos gastos públicos. A narrativa do governo é buscar equilíbrio sem anunciar explicitamente elevação de tributos, uma estratégia que procura combinar estabilidade fiscal com viabilidade política.
Comparação com a estratégia da direita
O analista também destacou como a oposição tem trabalhado para tirar o foco de seus principais nomes. A menção ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, exemplifica esse movimento. Segundo Daoud, a direita evita expor seu candidato mais competitivo cedo demais, justamente para que ele não seja alvo de embates prematuros, como já ocorre em temas como o metanol, em que o governo estadual e o federal se enfrentam diretamente.
Essa dinâmica mostra que tanto governo quanto oposição utilizam estratégias semelhantes: preservar seus nomes mais fortes e avaliar o momento certo de colocá-los em evidência. Enquanto isso, o tabuleiro político segue em transformação até a definição das candidaturas em 2026.
O futuro do governo Lula
Por enquanto, a avaliação positiva da gestão dá fôlego para o presidente seguir conduzindo seu projeto de reeleição. No entanto, a resistência pessoal ao nome de Lula sugere que a disputa eleitoral tende a ser acirrada. A escolha de manter o presidente como candidato ou de eventualmente transferir esse papel para outro aliado será uma decisão tomada mais perto da eleição, levando em conta não apenas fatores internos, mas também o cenário da oposição.
Como ressaltou Miguel Daoud, o governo Lula segue fortalecido no curto prazo, mas o futuro político do presidente ainda dependerá de condições de saúde, da economia e da estratégia eleitoral adotada pelo PT. Até lá, Lula permanece como o nome central, tanto para seu partido quanto para seus adversários.