O avanço do PCE (Índice de Preços de Gastos com Consumo) nos Estados Unidos para 2,7% em 12 meses, com alta mensal de 0,3%, reforçou a percepção de que o Federal Reserve manterá uma postura cautelosa em sua política monetária. O núcleo do indicador, que exclui alimentos e energia, também avançou 0,2%. O movimento fortalece o dólar globalmente e impõe novos desafios a mercados emergentes, como o Brasil, que precisam oferecer prêmios de risco mais altos para atrair capital estrangeiro. Nesse ambiente, estratégias de diversificação e alternativas ao crédito bancário tradicional ganham importância no portfólio dos investidores.
A pressão sobre o custo de captação eleva a volatilidade e exige do Brasil um esforço adicional para manter a atratividade dos fluxos internacionais. Para Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, o cenário exige visão estratégica: “Com o PCE americano avançando para 2,7% em 12 meses e 0,3% no mês, fica claro que o Fed terá de manter cautela. Essa postura fortalece o dólar e pressiona os mercados emergentes, que precisam oferecer prêmios mais altos para atrair capital”.
Crédito estruturado se consolida como alternativa
Com taxas de juros elevadas e liquidez global mais restrita, operações de crédito estruturado vêm se consolidando no Brasil como alternativa competitiva. Estruturas como FIDCs, CRIs e CRAs oferecem retorno previsível, descorrelação com ativos voláteis e soluções sob medida tanto para empresas quanto para investidores. A securitização transforma ativos em instrumentos líquidos, permitindo captação eficiente de recursos e, ao mesmo tempo, ampliando o leque de oportunidades de investimento.
Esse movimento reflete a necessidade de inovação financeira em meio à instabilidade macroeconômica. Para os investidores, além de diversificação, os produtos estruturados oferecem maior previsibilidade de fluxo e a possibilidade de equilibrar risco e retorno em um ambiente de incerteza global.
Gestão cambial torna-se decisiva
Outro ponto crucial para investidores brasileiros é a gestão da exposição cambial. Com o dólar fortalecido, proteger posições sensíveis à variação da moeda americana é essencial, mas de forma seletiva. “Nesse ambiente, operações de crédito estruturado ganham relevância por garantir fluxo estável e retorno competitivo. Para investidores brasileiros, a proteção cambial deve ser usada de forma estratégica, apenas em posições com exposição direta ao dólar, sem comprometer o carrego dos ativos locais”, reforça Da Matta.
A estratégia busca maximizar o retorno gerado pelos juros e dividendos em reais, sem incorrer em custos desnecessários de hedge. A combinação entre crédito estruturado e proteção cambial inteligente se coloca, assim, como a chave para navegar pelo atual cenário de pressão externa e manter a rentabilidade em meio às incertezas globais.