O Ibovespa encerrou esta sexta-feira (26) praticamente estável, com alta de apenas 0,05%, aos 145.377,95 pontos. Apesar da leve recuperação no pregão, o índice acumulou recuo de 0,33% na semana, em um movimento de ajuste após recentes máximas. A sessão foi marcada por pressões de Vale e Braskem, compensadas pelo desempenho positivo de bancos.
Enquanto isso, o dólar fechou o dia em queda de 0,49%, cotado a R$ 5,3386, mas registrou avanço semanal de 0,34%. Os juros futuros tiveram comportamento misto, refletindo tanto as incertezas do cenário externo quanto o tom mais duro do Copom no Brasil.
Quais fatores influenciaram o mercado nesta semana?
No campo corporativo, Vale (VALE3) caiu acompanhando o minério, pressionando o índice. Além disso, a Braskem (BRKM5) despencou após anunciar a contratação de assessores para discutir alternativas de capital, levantando preocupações entre investidores. Por outro lado, o setor financeiro garantiu suporte, com destaque para bancos e para a própria B3, que figuraram entre os destaques positivos.
No cenário internacional, os investidores acompanharam os dados do PCE, índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos. O indicador avançou 0,3% em agosto, em linha com expectativas, trazendo um alívio momentâneo para Treasuries e o dólar, mas reforçando a cautela sobre os próximos passos do Federal Reserve.
O que dizem os analistas sobre o fechamento da semana?
De acordo com Everton Dias, gestor da Legado Investimentos, o mercado global apresentou alta, mas em clima de incerteza. “Os dados da economia real dos EUA mostraram que a atividade não está tão desacelerada quanto se imaginava, o que trouxe dúvidas sobre os próximos passos do Fed”, explicou. Segundo ele, ainda há expectativa de dois cortes de juros neste ano, mas existe o risco de manutenção das taxas até dezembro.
No Brasil, Dias destacou o tom mais duro da ata do Copom, que elevou a preocupação com a inflação. Nesse sentido, o ciclo de cortes de juros pode ser postergado e, em um cenário mais adverso, até mesmo revertido para novas altas. Além disso, ele ressaltou os efeitos da recuperação judicial da Ambipar, que reacendeu preocupações com o mercado de crédito, e a desistência da Azul em avançar em negociações de fusão com a Gol.
Por outro lado, o gestor observa que o preço do petróleo mostrou estabilização, reduzindo volatilidades setoriais, mas ainda sem alterar a percepção de cautela. “O crédito mais caro impacta as empresas, e há risco de vermos mais companhias em dificuldades financeiras. O mercado segue em compasso de espera pelos próximos passos da economia real”, concluiu Dias.