O relatório Perfil e Comportamento dos Investidores 2024, divulgado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mostra um retrato detalhado de quem investe no mercado de capitais brasileiro e como esses participantes se relacionam com risco, objetivos financeiros e percepção sobre a atuação do regulador. A pesquisa foi realizada entre 15 de janeiro e 15 de fevereiro de 2025 e contou com 1.371 respostas válidas.
De acordo com o levantamento, a maioria dos investidores é formada por homens (87,7%), com idade predominante entre 46 e 59 anos (31,36%). O nível de escolaridade é elevado: mais de 90% dos respondentes possuem ensino superior ou pós-graduação. Em relação à renda, parcela significativa está concentrada entre cinco e 20 salários mínimos, com maior presença na Região Sudeste, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O relatório aponta que quase metade dos participantes (49,34%) investe há mais de 10 anos, revelando um perfil experiente. Apenas 2% estão no mercado há menos de um ano. Acompanhamento dos investimentos é feito principalmente por aplicativos (72,12%) e plataformas digitais (67,15%). O contato direto com corretores é menos comum.
No aspecto da resiliência financeira, 86,61% afirmaram estar preparados para imprevistos, com reservas de emergência ou estratégias de liquidez. Já no hábito de poupar, a maioria afirma guardar parte dos rendimentos, ainda que nem sempre com metas estabelecidas.
Perfis de risco e objetivos de investimento
O levantamento mostra que mais de 50% dos respondentes se classificam como arrojados, ou seja, com maior tolerância ao risco. Os perfis conservador e moderado representam a minoria da amostra.
Os objetivos de investimento variam de acordo com o perfil. Entre conservadores e moderados, o foco está na formação de reserva para aposentadoria. Já os arrojados destacam como meta principal a criação de renda passiva, o chamado “viver de renda”, seguido também da preparação para aposentadoria.
Como os investidores enxergam a CVM?
A CVM foi avaliada de forma positiva por boa parte dos respondentes, principalmente em relação à clareza e abrangência de suas normas. A percepção sobre a fiscalização e a punição da autarquia melhorou em relação a anos anteriores: as opiniões negativas diminuíram, dando espaço a avaliações mais neutras ou favoráveis.
Apesar disso, ainda há desafios: muitos investidores disseram não conhecer as iniciativas de educação financeira da autarquia. Entre os que já tiveram contato com os materiais, no entanto, a avaliação foi bastante positiva.

O estudo também analisou os principais vieses cognitivos que influenciam os investidores. A propensão ao risco foi apontada por 58,77% dos participantes, enquanto a aversão à perda apareceu em 51,12% das respostas. O fenômeno conhecido como Hot Hand Fallacy — a crença de que bons resultados recentes tendem a se repetir — foi citado por 49,07%. Já a autoconfiança excessiva foi identificada em 41,84% dos investidores.
O relatório da CVM reforça que o mercado brasileiro é composto por investidores cada vez mais experientes e com maior tolerância ao risco, mas que ainda carecem de maior contato com iniciativas de educação financeira. A autarquia considera que entender o comportamento do investidor é essencial para aprimorar a regulação e promover a proteção e inclusão financeira no país.
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