Os pedidos de orçamento para eventos corporativos cresceram quase 16% nos primeiros meses de 2025, segundo a DataEventos. O dado confirma uma mudança de paradigma, os encontros presenciais deixam de ser “centro de custo” e passam a compor a arquitetura do planejamento de negócios. Além disso, a alta está acompanhada de expansão na execução: o número de eventos realizados avançou 4,74% no período. Nesse sentido, as companhias reavaliam objetivos, métricas e governança para capturar valor de marca, relacionamento e receita.
Por outro lado, a consolidação do evento como ativo estratégico não nasce só do marketing, mas de uma necessidade humana e competitiva. Enquanto isso, a aceleração da economia da experiência reconfigura o funil, conteúdos relevantes, curadoria e desenho de jornadas elevam conversão, NPS e LTV de clientes. A própria DataEventos indica um movimento disseminado geograficamente, com capitais líderes e mercados regionais ganhando tração. O resultado é um ecossistema mais maduro, com profissionalização, metas claras e maior accountability sobre retorno.
Como evoluiu o setor de eventos corporativos?
A leitura dos primeiros meses de 2025 revela tração contínua. Além do avanço de 15,96% nos pedidos de orçamento, o total de eventos executados cresceu 4,74%, indicando que a demanda não ficou no plano da intenção. Além disso, a retomada do encontro presencial, iniciada nos últimos ciclos, mostrou-se mais qualificada, agendas menores, mais segmentadas e orientadas a resultado substituem formatos genéricos. Nesse sentido, as empresas privilegiaram experiências sob medida, com KPIs integrados a marketing, vendas e relações institucionais.
Eventos migraram para o centro da estratégia por três vetores, valor de marca, geração de negócios e reforço de cultura. Além disso, a personalização alinhada ao posicionamento tem sido decisiva. Nesse sentido, o desenho da experiência incorpora dados de público, objetivos de negócio e narrativa editorial para sustentar diferenciação competitiva.
O que diz a psicanálise sobre confiança e vínculo?
O psicanalista e mentor Junior Silva destaca que o vínculo de confiança nasce da transferência emocional, que no digital não reproduz com a mesma potência que o presencial. “No ambiente presencial, o olhar, o tom de voz e até o silêncio geram reconhecimento emocional e potencializam esse vínculo. A confiança não nasce do discurso racional, mas da sensação de segurança psíquica criada no encontro real”, afirma. Além disso, ele lembra que emoções são “códigos profundos de fidelização”, quando o evento cria memória afetiva, a relação de negócios tende a se tornar mais estável e duradoura, com impactos na lealdade e no engajamento.
Como o mercado de eventos enxerga a virada?
Para Eduardo Zech, CEO da Panda Inteligência em Eventos, a mudança de percepção já aconteceu: “Hoje, os clientes entendem evento não como despesa, mas como investimento estratégico. Cada real aplicado retorna em engajamento, percepção de marca e geração de negócios”. Nesse sentido, tecnologia e dados entram como meios, não como fins, para potencializar a jornada: credenciamento fluido, interação qualificada e métricas em tempo real sem substituir a troca humana. Por outro lado, 2025 trouxe desafios de custos e logística, exigindo curadoria de fornecedores, eficiência operacional e disciplina orçamentária.
Quais regiões lideram a demanda?
O mapa da DataEventos mostra fôlego disseminado, com destaque para três estados líderes em pedidos de orçamento:
- Rio de Janeiro: 16,4%
- São Paulo: 10,3%
- Minas Gerais: 7,4%
Além disso, a leitura geográfica sugere oportunidades para estratégias regionais combinando marca, relacionamento e cobertura de canais. Nesse sentido, empresas conseguem equilibrar alcance e profundidade, ativando públicos estratégicos onde a agenda de negócios é mais pulsante.
Quais áreas do negócio mais se beneficiam dos eventos corporativos?
Junior Silva propõe enxergar o evento como “portal emocional e estratégico”, com impacto transversal. Nesse sentido, quando incorporados como parte da estratégia, podem gerar impactos diretos em:
- Vendas — ao tocar o desejo inconsciente do cliente e eliminar barreiras emocionais
- Relacionamento com o cliente — criando memória afetiva e vínculo simbólico
- Cultura organizacional — resgatando o sentido, o propósito e a identidade do time
- Liderança — promovendo ressignificações internas e libertando o potencial humano
- Marca — ao transformar a marca em um símbolo vivo, com energia e presença
Já Eduardo Zech, ressalta que a chave está em alinhar métricas de marketing e vendas desde a concepção. “Em vez de olhar apenas para a entrega impecável, conectamos os eventos a KPIs concretos, como leads qualificados, aumento da presença de marca e fortalecimento de relacionamento. Esse olhar comercial, somado ao desenho criativo, é o que transforma evento em negócio“, avalia.
A personalização é um diferencial estrutural. Enquanto isso, empresas que operam com “formatos de prateleira” perdem relevância na disputa por atenção. Nesse sentido, quanto maior o encaixe entre identidade de marca e narrativa da experiência, maior a probabilidade de conversão, seja de negócio, seja de relacionamento. Além disso, a integração de dados antes, durante e depois do encontro permite aprendizado contínuo e ciclos de melhoria, com repercussões no posicionamento corporativo.
De custo a investimento: o que vem pela frente?
O avanço de 15,96% em pedidos de orçamento, somado ao crescimento de 4,74% em eventos realizados, consolida a agenda dos encontros corporativos como investimento estratégico. Além disso, a combinação de personalização, curadoria de conteúdos e métricas integradas sustenta ROI tangível e reputação de longo prazo. Por outro lado, 2025 exige disciplina operacional e criatividade com orçamento, preservando a essência insubstituível do “olho no olho”. Nesse sentido, a tendência de experiências sob medida e foco no participante segue como vantagem competitiva para marcas que entendem que, no fim, negócios se firmam onde existe vínculo, emoção e propósito compartilhado.