O risco cibernético ganhou protagonismo na edição do programa Money Report desta semana, apresentado por Aluizio Falcão na BM&C News. Ao lado de temas como mercado imobiliário, auditoria e gestão de seguros, os convidados Cláudio Carvalho (AW Realty), Raul Corrêa (BDO Brasil) e Marcelo Munerato (Aon) destacaram como a exposição digital se tornou um dos maiores pontos de atenção para empresas de todos os portes e setores.
De acordo com Munerato, a transformação do setor de seguros reflete essa nova realidade: se antes a prioridade era proteger ativos físicos, hoje o risco cibernético é tratado como inevitável. “Não é questão de saber se sua empresa será atacada, mas quando”, alertou, lembrando que há capacidade de cobertura disponível e que os prêmios são cada vez mais acessíveis conforme o nível de proteção da organização.
Como o risco cibernético muda o mercado de seguros?
O mercado global de seguros movimenta cerca de US$ 7 trilhões, enquanto no Brasil o volume gira em torno de R$ 440 bilhões. Nesse universo, a demanda por proteção digital cresce a cada ano, especialmente em segmentos como o middle market e as grandes corporações. Aon, por exemplo, utiliza a ferramenta CYQ para medir a capacidade de resiliência das empresas e ajustar a precificação das apólices.
- Ataques digitais: aumentam em frequência e sofisticação.
- Exposição financeira: perdas podem comprometer operações inteiras.
- Cobertura sob medida: depende do nível de segurança implementado pela empresa.
Auditoria e compliance: transparência diante do risco cibernético
Raul Corrêa destacou que o risco cibernético se soma às exigências de transparência e asseguração, reforçando a importância da auditoria em empresas fechadas e abertas. Bancos, fornecedores e clientes exigem garantias cada vez mais robustas, e relatórios de sustentabilidade e de governança já incluem avaliações ligadas à segurança digital. A BDO tem investido em tecnologia e inteligência artificial para acompanhar esse processo e oferecer diagnósticos mais abrangentes.
Segundo Corrêa, a inteligência artificial permite ampliar a análise de dados de amostras para 100% das informações, mas não substitui a necessidade de profissionais treinados. “É a combinação entre tecnologia e julgamento humano que garante confiança nos relatórios”, afirmou.
Imobiliário: tecnologia e inteligência artificial também entram no setor
Cláudio Carvalho ressaltou que, mesmo em segmentos tradicionais como o imobiliário, a digitalização redefine práticas. Corretores passaram a atuar como agentes autônomos apoiados por redes sociais e leads online, enquanto incorporadoras estruturam houses próprias e utilizam IA para ampliar produtividade. O risco digital também não passa despercebido, incorporadoras e empresas do setor já foram alvo de ataques, o que reforça a necessidade de proteger dados de clientes e projetos.
Além disso, Carvalho destacou que a entrega de imóveis de alto padrão no modelo “cinza” reduz conflitos e personaliza acabamentos, mas aumenta a necessidade de comunicação clara com clientes, outro ponto em que a segurança de dados e sistemas confiáveis se tornam diferenciais.
Risco cibernético é inevitável: como se preparar?
Os especialistas convergiram em uma conclusão: empresas precisam assumir que o risco cibernético não pode ser ignorado. A prevenção passa por três eixos:
- Proteção tecnológica: ferramentas e processos de segurança digital.
- Transferência de risco: contratação de apólices de seguro cibernético.
- Gestão integrada: auditoria e compliance alinhados às melhores práticas de governança.
Nesse sentido, a tecnologia acelera análises e facilita processos, mas não substitui a importância da inteligência emocional e do contato humano na gestão dos negócios. Como lembrou Munerato, o sinistro é “a hora da verdade” e só será bem resolvido se houver clareza e confiança na relação entre empresas, fornecedores e clientes.