O cenário econômico tem sido determinante para a popularidade de Lula, e essa relação ficou ainda mais clara em recentes pesquisas. A maioria dos brasileiros acredita que a situação econômica e o poder de compra irão piorar no futuro. Essa percepção afeta diretamente a visão pública sobre o governo, com a economia desempenhando um papel crucial na desaprovação do presidente. Em um ambiente político e econômico turbulento, a economia continua a ser a principal força que molda a opinião dos eleitores e, por conseguinte, a popularidade do governo.
Segundo Miguel Daoud, analista de economia e política, a deterioração do cenário econômico é uma ameaça para a imagem do presidente. Ele destaca que, caso a situação econômica continue a piorar, fica difícil imaginar Lula como um forte candidato nas próximas eleições. Daoud também explica que, apesar disso, a intenção de voto no presidente melhorou. “Isso acontece porque, apesar da desaprovação econômica, a popularidade de Lula, muitas vezes, não se alinha com as pesquisas de intenção de voto, uma vez que as pessoas se separam da avaliação geral para expressar suas preferências eleitorais“, explica.
O impacto da economia na popularidade de Lula: o que esperar?
O governo Lula se vê diante de um dilema fiscal. Com os gastos públicos em alta e a dificuldade de reduzir a carga tributária, a gestão financeira continua sendo um ponto crítico. A alta das taxas de juros, com o Banco Central mantendo a Selic em 15%, é uma das consequências dessa gestão fiscal. “Isso impacta diretamente o poder de compra da população, que vê seu orçamento pressionado pela inflação, o que, por sua vez, reflete negativamente na imagem do governo“, destaca Daoud.
Uma das estratégias do governo para melhorar a popularidade de Lula seria a valorização do real, que pode ser favorecida pela desvalorização do dólar, um movimento que já está em andamento no mercado internacional. Esse processo, aliado à expectativa de que o Brasil consiga firmar acordos que favoreçam a economia local, poderia melhorar o poder de compra da população e, consequentemente, gerar um aumento na popularidade do governo.
Daoud explica que, caso o real se valorize, isso pode ter um impacto positivo no poder de compra dos brasileiros, o que poderia suavizar a percepção negativa que a população tem em relação à economia. Isso ajudaria o governo a recuperar parte da popularidade perdida. “Essa valorização da moeda depende de uma série de fatores, como a continuidade da política econômica global e a estabilidade do mercado cambial“, afirma.
Por outro lado, se a valorização do real não ocorrer como esperado, ou se o dólar se desvalorizar em um ritmo mais lento do que o previsto, a situação poderá se complicar ainda mais para o governo. Daoud também destaca que o dólar mais forte pode prejudicar os ganhos do Brasil com os acordos internacionais, afetando ainda mais o poder de compra da população e, em última instância, a popularidade de Lula.
O papel da economia nas eleições de 2026
A economia é uma variável determinante para as próximas eleições presidenciais, e a situação econômica do Brasil certamente influenciará a popularidade do presidente Lula nas urnas. “A percepção econômica está fortemente ligada à aprovação do governo, e isso se reflete diretamente na intenção de voto“, diz Daoud. Portanto, se o governo não conseguir reverter a atual crise econômica e melhorar a situação financeira da população, a chance de uma vitória em 2026 será reduzida.
O analista alerta que a confiança da população na gestão econômica do governo é essencial para que o presidente mantenha sua base de apoio e, consequentemente, sua popularidade. A falta de uma resposta eficaz para os desafios econômicos pode comprometer o desempenho eleitoral de Lula, especialmente diante da crescente desconfiança popular quanto à capacidade do governo de lidar com a inflação e a alta de juros.