O mercado acionário brasileiro encerrou o pregão desta quinta-feira em alta, com o Ibovespa subindo 0,56% e atingindo 143.150 pontos. Esse movimento consolidou um novo recorde, já que ao longo do dia o índice chegou a tocar os 144.012 pontos. A valorização foi impulsionada principalmente pelo cenário externo, em meio às apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve.
No cenário doméstico, as projeções do governo para o crescimento econômico ganharam destaque. A revisão para baixo do PIB em 2025 trouxe cautela, mas a queda esperada na inflação abriu espaço para uma política monetária mais favorável. Além disso, o avanço de setores de varejo e construção contribuiu para o desempenho robusto da bolsa.
Quais fatores influenciaram o mercado hoje?
No front internacional, os olhos se voltaram para os Estados Unidos, onde o índice de preços ao consumidor avançou 0,4% em agosto, acumulando alta de 2,9% em 12 meses. Apesar do sinal de inflação mais elevada, outros indicadores sugerem uma economia em desaceleração, o que fortalece as apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve. Por outro lado, a queda no preço das commodities, como o petróleo e o minério de ferro, pressionou ações ligadas a esses setores.
Enquanto isso, o cenário brasileiro seguiu no radar. A revisão do PIB trouxe certa apreensão, mas a expectativa de inflação mais baixa aumentou as projeções de flexibilização monetária. Nesse sentido, o mercado reagiu de forma positiva, ainda que atento às incertezas futuras.
O que dizem os analistas sobre o pregão de hoje?
Para Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, os dados macroeconômicos dos EUA foram determinantes para o movimento. “Hoje o mercado recebeu os dados do CPI de agosto, que subiu 0,4%, acima do esperado, e os pedidos de seguro-desemprego, que avançaram para 263 mil, sinalizando um mercado de trabalho mais frágil. Apesar da inflação mais alta, o dólar recuou, possivelmente porque os investidores entendem que a piora no emprego aumenta a probabilidade de cortes de juros pelo Fed ainda este ano.”
Segundo ele, o núcleo da inflação permanece controlado, o que mantém espaço para cortes de juros. “Assim, fica claro que o que move o dólar hoje é justamente essa expectativa de que o Fed terá de agir para sustentar a economia, mesmo diante de inflação resistente.” Esse cenário, reforça o analista, ajuda o Ibovespa a alcançar novo recorde intradiário, já que juros mais baixos nos EUA favorecem o fluxo de capital para emergentes e aumentam o valor presente dos lucros futuros das empresas.
No Brasil, Silva destacou a queda das taxas de juros futuros, em linha com a trajetória indicada pelo Banco Central, como outro fator positivo. Isso reduz o custo de capital e melhora as perspectivas de crédito e consumo, beneficiando principalmente os bancos, que avançaram em bloco e puxaram o índice para cima.
Ele também lembrou do desempenho divergente de duas gigantes do mercado: Vale e Petrobras. O minério de ferro vem se recuperando e valorizou as ações da VALE3, enquanto a queda no preço do petróleo limitou os ganhos da estatal. No campo político, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e o risco de novas sanções ainda adicionam cautela, mas não foram suficientes para travar o rali da Bolsa, que segue ancorada pelo cenário externo.
Empresas que mais se destacaram no pregão
Entre as ações, alguns papéis brilharam mais que outros. O setor de varejo liderou ganhos, com Magazine Luiza (MGLU3) figurando entre as maiores altas do dia. Além disso, empresas ligadas à construção civil, como Cyrela, também tiveram bom desempenho, refletindo expectativas de crédito mais barato.
- Magazine Luiza (MGLU3): forte valorização no dia
- Cyrela (CYRE3): destaque positivo entre construtoras
- Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4): ganhos sólidos no setor financeiro
- Vale (VALE3): alta acompanhando recuperação do minério
- Petrobras: queda acompanhando a baixa do petróleo
- Caixa Seguridade (CXSE3): recuo após mudança no comando
O que esperar para os próximos pregões?
O dólar encerrou o dia em leve queda, cotado a R$ 5,39, enquanto o volume financeiro negociado chegou a R$ 24,5 bilhões. Esses dados reforçam o apetite do investidor estrangeiro e a liquidez do mercado. Contudo, a revisão do crescimento do PIB segue como alerta para os próximos meses.
Nesse sentido, as perspectivas indicam um mercado dividido entre otimismo e cautela. A expectativa de cortes de juros nos EUA pode manter a atratividade dos emergentes, mas fatores internos, como o desempenho da economia real e a instabilidade política, ainda serão decisivos. Assim, investidores permanecem atentos a sinais que possam redefinir a tendência de alta no curto prazo.