O Smart Money recebeu Luís Navarro, fundador da Engehall, para apresentar o dilema de crescimento do Meu Ajudante, aplicativo que organiza a rotina de eletricistas com orçamentos por voz, precificação automática e suporte ao atendimento. O case ganhou a mentoria de Gabriel Lopes e Henrique Martines, da Equity Group, com um objetivo pragmático: transformar uma base ativa e engajada em um verdadeiro ecossistema de valor, que una profissionais, clientes e fornecedores em uma mesma jornada.
Ao contextualizar a trajetória, Navarro relembrou a gênese da Engehall no YouTube, com conteúdos de NR10 e segurança que viralizaram e formaram a maior comunidade de ensino de elétrica do mundo. Nesse sentido, a virada de chave veio quando a empresa passou a resolver o problema do outro e não o seu próprio, o que impulsionou a criação do Meu Ajudante. Por outro lado, o desafio atual é de foco: quais passos priorizar para multiplicar receita e relevância sem dispersar esforços?
Do conteúdo à assinatura: a base que sustenta o ecossistema
Hoje, o Meu Ajudante reúne cerca de 250 mil eletricistas cadastrados, com 50 mil active users mensais e assinatura anual ao redor de R$ 289. Além disso, a plataforma acelera a emissão de orçamentos, um aprendizado interno mostrou que propostas enviadas em até cinco minutos elevam a taxa de conversão e oferece uma calculadora automática de preço por hora, reduzindo a assimetria de informação que costuma penalizar profissionais autônomos.
Enquanto isso, a “vaca leiteira” do grupo segue sendo a área de educação, Engehall Elétrica, que garante caixa e previsibilidade. Porém, a convicção expressa na mesa é que o maior potencial está no app. A pergunta que guia a próxima fase não é “o que construir”, mas “o que priorizar agora para gerar 80% do resultado com 20% do esforço”.
Qual deve ser o próximo passo do Meu Ajudante?
Para os mentores, o caminho imediato é tornar-se “essencial” no dia a dia do eletricista. Nesse sentido, a prioridade recai sobre a vertical de matchmaking, conectar demanda de clientes aos profissionais da base, colocando dinheiro direto no bolso do assinante. Ao entregar trabalho recorrente, o app migra de “ferramenta útil” para “plataforma indispensável”, aumentando engajamento, retenção e disposição a pagar por planos premium.
Nesse eixo, a Engehall já testa um MVP em Belo Horizonte, com expansão para São Paulo. Por outro lado, a recomendação é acelerar parcerias B2B2C que desbloqueiem volumes de demanda: administradoras de condomínios, redes de manutenção predial e empresas com capilaridade residencial e comercial. Ao mesmo tempo, o conselho é orquestrar uma régua de ativação clara, da descoberta à primeira tarefa fechada, mensurando custo de aquisição de cliente (CAC), taxa de first job e tempo até a segunda contratação.
Do ecossistema à monetização
Em paralelo ao fluxo de clientes, a mesa defendeu abrir a segunda fronteira de valor com fornecedores e indústrias de material elétrico. Ao plugar catálogos e SKUs na etapa de orçamento, o app viabiliza cotações, descontos e logística integrada, criando novas receitas via take rate e acordos comerciais. Além disso, surge a oportunidade de implementar um gateway de pagamentos com split automático entre eletricista, plataforma e, futuramente, seguros e garantias, consolidando a posição do Meu Ajudante como camada financeira do ecossistema.
Nesse sentido, a integração orçamentação–fornecimento–pagamento fecha um ciclo virtuoso: o eletricista ganha cliente, precifica com método, compra insumos com melhores condições, recebe dentro do app e acumula histórico para crédito e serviços adicionais (conta digital, adiantamento, proteção ao trabalho, microcrédito). Enquanto isso, a plataforma amplia lifetime value (LTV) e constrói barreiras de saída.
Comunidade: pertencimento, advocacy e expansão lateral
Para João Kepler, o norte estratégico é virar comunidade, quando o assinante deixa de ser apenas cliente e passa a “pertencer”. Além disso, um programa de embaixadores pode alavancar o crescimento: os melhores profissionais da base de 250 mil ajudam a capturar os 750 mil que faltam no Brasil, com bonificações por indicações qualificadas e selos de reputação.
Enquanto isso, a expansão geográfica à América Latina é uma avenida relevante, mas a mentoria sugere priorizar, no curto prazo, a expansão lateral para ofícios adjacentes (ex: encanadores, técnicos em refrigeração e maridos de aluguel). Com a esteira validada no nicho de elétrica, replicar jornadas e playbooks reduz o tempo de go-to-market e acelera a captura de rede.
Plano de ação sugerido
- Prioridade 1 – Demand Engine: escalar o canal de geração de clientes (parcerias com administradoras de condomínio e facilities), meta de jobs por usuário e time-to-first-job.
- Prioridade 2 – Pagamentos: lançar gateway com split, registro de recebíveis e carteira; iniciar piloto de proteção/seguro do serviço.
- Prioridade 3 – Fornecedores: integrar catálogos e SKUs ao orçamento; negociar descontos e logística; medir take rate.
- Prioridade 4 – Comunidade: programa de embaixadores, badges de reputação, NPS e incentivo a indicação.
- Priority 5 – Métricas: acompanhar CAC, LTV, churn, ARPU, taxa de conversão de orçamento e retenção em 30/90 dias.
Da ferramenta ao “inevitável”
O diagnóstico é claro: o Meu Ajudante já possui tração, marca e distribuição; falta encaixar as peças para ser inevitável no cotidiano do profissional. Nesse sentido, ativar demanda recorrente, integrar pagamentos e aproximar fornecedores consolida um círculo de valor que beneficia todos os agentes do ecossistema. Por outro lado, a lógica de comunidade e os embaixadores aceleram crescimento orgânico e criam barreiras competitivas.
Ao final, a mesa ofereceu Smart Money para levar a base a um milhão de usuários, evidenciando confiança no plano. Enquanto isso, a Engehall preserva sua fortaleza em educação, garantindo lastro operacional para a nova etapa. Se a execução seguir o trilho proposto, o Meu Ajudante deixa de ser apenas um app de orçamentos e se torna a plataforma que conecta trabalho, renda e serviços, do Brasil para outros ofícios e, futuramente, para a região.