A NBA vem reforçando sua presença no Brasil com uma estratégia que vai muito além das quadras. Em entrevista ao programa New Deal, Victor Szepilovski, Senior Manager de Marketing da NBA, detalhou como ações de comunidade, conteúdo e experiências presenciais ampliaram a base de fãs locais. Nesse sentido, a combinação de eventos, parcerias e narrativas digitais ajudou a transformar curiosos em torcedores engajados.
Segundo o executivo, o escritório da NBA no país foi aberto há cerca de 13 anos e, desde então, a fanbase nacional saltou para dezenas de milhões de pessoas, em diferentes níveis de engajamento. Além disso, iniciativas como a NBA House, o NBA Park em Gramado e a ampliação da oferta de produtos oficiais acessíveis aproximaram a marca do público. Por outro lado, a liga também diversificou frentes de atuação em conteúdos, moda, games e inclusão.
Quem é o fã da NBA no Brasil?
A liga segmenta o público em três perfis principais, de acordo com o nível de engajamento com a NBA:
- Core fan: consome jogos semanalmente, assina streaming/League Pass, compra camisas e acompanha criadores.
- Fã casual: acompanha playoffs e finais, tem algum item oficial e segue notícias de seus times e estrelas.
- Curioso: se conecta pela cultura e pelo lifestyle (eventos, moda, música), e pode se tornar fã recorrente.
Nesse sentido, o objetivo é ampliar o número de “core fans” por meio de experiências consistentes, acesso a produtos e relevância cultural contínua.
Como a comunidade foi construída?
O relato evidencia um processo de longo prazo: a NBA investiu em experiências físicas e digitais, gerando pertencimento. A NBA House, que começou como viewing party das Finais, hoje é um hub de conteúdo e ativações de patrocinadores, com loja, quadra de LED, câmeras temáticas e presença de atletas e lendas. Além disso, o parque temático em Gramado opera o ano inteiro, com quadra oficial, mascotes e loja, mantendo o vínculo com o público fora do calendário das Finais.
Enquanto isso, a liga prioriza conteúdos em português nas redes e no YouTube, com séries originais e creators locais. Por outro lado, a política de preços mais diversa nas lojas oficiais, com itens premium e opções mais acessíveis, ampliou o alcance e reduziu a barreira de entrada para novos fãs.
Moda, games e inclusão: por que importam para a NBA?
A cultura de moda esportiva é um vetor de atração para públicos distintos. Colaborações e linhas de vestuário expandem a expressão do fã no dia a dia. Nos games, a NBA atua desde títulos hardcore (como simuladores) até parcerias com jogos mobile e universos como Fortnite, facilitando a entrada de novos públicos. Além disso, há um esforço deliberado para aumentar a participação feminina e a visibilidade do basquete feminino, com destaque para referências como Camila Cardoso na WNBA.
- Moda & lifestyle: democratização de preços e variedade de estilos.
- Games: ponte de entrada para jovens fãs e engajamento contínuo.
- Basquete feminino: inspiração e representatividade para novas audiências.
O calendário da NBA mantém o fã engajado?
Sim. O calendário da temporada (tip-off em outubro, NBA Cup, Natal, All-Star, playoffs e Finals), somado a off-season com draft, trocas e Summer League, cria pontos de contato quase o ano inteiro. Além disso, o Fantasy oficial em português e as ativações locais (como a NBA House) ajudam a preencher as lacunas entre grandes eventos, mantendo a comunidade ativa e conversando sobre a liga continuamente.
Qual o papel da mídia e do streaming nessa expansão?
A nova etapa de direitos de mídia, com Amazon (Prime Video) e Disney/ESPN, fortalece a distribuição e multiplica narrativas para públicos diferentes. Por outro lado, o League Pass continua como solução para o fã hard user acompanhar todos os jogos do seu time ou da liga. Nesse sentido, a combinação de TV, streaming e produtos proprietários garante capilaridade e profundidade de cobertura.
Vai ter jogo da NBA no Brasil em breve?
Não há confirmação de novas partidas no país, embora a liga já tenha realizado jogos de pré-temporada no passado. Por enquanto, a prioridade é seguir investindo em experiências locais, conteúdo e parcerias, mantendo a NBA próxima do público brasileiro e sustentando o crescimento orgânico da base de fãs.
A liga uniu excelência esportiva a uma estratégia global de conteúdo, negócios e presença física. Estrelas internacionais em evidência, como Jokic, Giannis, Doncic e Shai, ampliam o alcance para além dos EUA, enquanto produtos localizados e experiências imersivas consolidam a afinidade com a marca. Assim, a NBA passou a disputar atenção com os maiores esportes do planeta, sem depender exclusivamente de ídolos locais em cada país.
Quais são os próximos desafios?
O principal desafio é nutrir a paixão à distância, já que a maioria dos fãs não vivenciará um jogo in loco. Além disso, é preciso continuar democratizando o acesso a produtos e conteúdos, diversificar formatos de engajamento (especialmente mobile) e ampliar a participação de mulheres e jovens. Por outro lado, a manutenção de um calendário rico, com experiências físicas marcantes e boa distribuição de mídia, tende a sustentar a trajetória de crescimento no Brasil.
Enquanto a liga planeja novas edições da NBA House e expande ações de fan engagement, a estratégia concentra-se em três pilares: conteúdo original em português, experiências presenciais e inovação em distribuição (streaming e fantasy). Em síntese, o plano é seguir convertendo curiosos em fãs recorrentes e fãs recorrentes em embaixadores da marca, mantendo a NBA no centro da cultura esportiva, da moda e do entretenimento no país.