Desde 2019, um esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tem sido foco de investigações e denúncias, como revelado pela diretora de auditoria previdenciária da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Mota. Com o surgimento de reclamações sobre práticas fraudulentas em aposentadorias, mais evidências foram surgindo ao longo dos anos, culminando em uma série de audiências e operações realizadas para esclarecer as práticas irregulares e responsabilizar os envolvidos.
A CGU, pouco depois de criar uma diretoria específica para auditar benefícios previdenciários, recebeu denúncias por meio do Ministério Público do Paraná em 2019. As alegações apontavam um aumento significativo nas arrecadações de entidades que geraram suspeitas de fraude. Mesmo com estas informações enviadas ao então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, ainda em 2024, as recomendações para suspender cooperações técnicas não foram totalmente atendidas, resultando em ações policiais em 2025.
Quais são as evidências das fraudes no INSS?
Um relatório da CGU, divulgado em 2025, aprofundou as suspeitas de irregularidades, evidenciando um grande número de descontos inusitados associados a benefícios previdenciários. As investigações revelaram 59 casos onde mais de 50 mil descontos foram atribuídos a uma mesma entidade num único mês, o que provocou investigações adicionais devido à anomalia numérica.
Esse aumento de descontos indevidos em benefícios data de 2016, ganhando intensidade em intervalos como os anos de 2018 até 2024. A CPI do INSS conseguiu aprovar um requerimento para quebrar o sigilo de operadores-chave, vinculados a entidades sindicais, ajudando a intensificar a fiscalização e trazer mais clareza à complexidade do esquema fraudulento.
Como a CPI do INSS está lidando com as fraudes?

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS foi estabelecida com o objetivo de aprofundar as investigações e responsabilizações. Os depoimentos de ex-ministros da Previdência foram agendados, incluindo figuras de destaque como Carlos Lupi, exonerado em meio às denúncias, e José Carlos Oliveira, que atuou durante o governo Bolsonaro.
Além das audiências, a CPI tem se focado em convocar pessoas de interesse, como Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, que, segundo investigações, teria intermediado atividades fraudulentas e movimentado valores substantivos anormais em relação a sua renda oficial. Ele e outros suspeitos tiveram suas prisões preventivas e quebras de sigilo solicitadas como medida cautelar.
Qual pode ser o impacto dessas fraudes no sistema de previdência do Brasil?
As fraudes em questão não apenas comprometem a integridade do sistema previdenciário brasileiro, mas também colocam em risco a confiança pública na eficácia da gestão de recursos previdenciários. O uso indevido de descontos e a facilitação de práticas fraudulentas ameaçam a sustentabilidade econômica do INSS e representam um desafio na proteção dos direitos dos beneficiários legítimos.
Enquanto as análises e operações continuam a desdobrar novos detalhes, legisladores, auditores e membros do governo permanecem alertas a novas irregularidades. O alcance dessas fraudes reveladas pela CGU e aprofundadas pela CPI deve servir tanto como um alerta quanto como um catalisador para reformas em práticas regulatórias e de fiscalização. A reconstituição da confiança pública é fundamental para assegurar um sistema previdenciário justo e funcional.
















