O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou nesta sexta-feira (5), por unanimidade, a fusão entre as gigantes do agronegócio brasileiro BRF e Marfrig. A decisão ocorreu sem a imposição de qualquer medida restritiva, confirmando o parecer já emitido pela Superintendência-Geral em junho e encerrando um processo acompanhado de perto pelo mercado.
O voto decisivo veio do conselheiro Carlos Jacques, que havia pedido vistas em agosto. Ao liberar sua posição, o julgamento foi concluído em sessão extraordinária. O presidente interino e relator do caso, Gustavo Augusto Freitas de Lima, também votou favoravelmente, destacando que a operação atende aos critérios de concorrência e não gera riscos significativos de concentração de mercado.
Quais são os impactos da fusão para o setor?
A união dará origem à MBRF Global Foods Company, que deve se tornar a segunda maior empresa de proteína animal do Brasil, atrás apenas da JBS. A companhia reunirá marcas tradicionais como Sadia, Perdigão, Qualy e Bassi, com atuação em mais de 117 países, capacidade de produção anual próxima de 8 milhões de toneladas e mais de 130 mil colaboradores diretos.
Além disso, as projeções apontam para um faturamento combinado de R$ 152 bilhões ao ano. As sinergias estimadas somam R$ 805 milhões por ano, sendo de R$ 400 a R$ 500 milhões já no primeiro exercício, enquanto os ganhos adicionais deverão ocorrer no médio e longo prazo.
Processo regulatório e argumentos analisados
Em junho, a Superintendência-Geral havia sinalizado que a operação não exigiria remédios concorrenciais, pois a sobreposição de mercado era inferior a 20% nos casos horizontais e a 30% em verticais, níveis considerados aceitáveis. Nesse sentido, o CADE reforçou que não houve indícios de ameaça à livre concorrência.
Por outro lado, concorrentes como a Minerva Foods contestaram a aprovação, alegando riscos de concentração e conflito de interesses pelo fundo saudita Salic, que detém participação relevante em empresas do setor. O CADE, porém, descartou esse argumento, lembrando que os direitos políticos do fundo já foram convertidos em derivativos, exigindo nova avaliação apenas em caso de reversão.
Próximos passos para a consolidação do negócio
Apesar do aval do CADE, a operação ainda depende de etapas societárias adicionais. Entre elas, destaca-se a deliberação final em assembleias de acionistas e o cumprimento de formalidades contratuais necessárias à efetiva integração das empresas.
Enquanto isso, investidores e agentes do mercado acompanham com atenção os desdobramentos, já que a fusão promete remodelar a dinâmica competitiva do setor de proteína animal no Brasil e no exterior.
- Data da aprovação: 5 de setembro de 2025
- Nova companhia: MBRF Global Foods Company
- Faturamento estimado: R$ 152 bilhões ao ano
- Sinergias previstas: R$ 805 milhões/ano
- Presença global: 117 países e mais de 130 mil funcionários