O Ibovespa encerrou a semana em valorização de 2,5%, acumulando ganho de 6,28% em agosto e renovando sua máxima histórica. Na sexta-feira (29), o índice fechou em 141.422 pontos, avanço de 0,26% no dia, superando a marca registrada no início de julho. O resultado reflete tanto fatores internos quanto expectativas externas favoráveis.
Além disso, investidores reagiram positivamente à possibilidade de cortes de juros no Brasil e nos Estados Unidos. A combinação de otimismo político, pesquisas eleitorais recentes e sinais de afrouxamento monetário consolidou o bom humor nos mercados. Mesmo diante de riscos fiscais e cenário externo volátil, o movimento comprador prevaleceu.
O que disseram os analistas sobre a semana?
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o grande destaque negativo veio da exposição de alguns players do setor financeiro a esquemas ligados ao crime organizado. Apesar disso, ele destacou que o inesperado da semana foi a valorização de empresas regulamentadas de combustíveis, beneficiadas pela perspectiva de retirada de concorrentes ilegais.
No cenário internacional, Cruz também lembrou da polêmica em torno da demissão de uma diretora do Federal Reserve, tema que levantou dúvidas sobre a independência da autoridade monetária. Já em relação aos dados econômicos, a leitura de PIBs e inflações no Brasil e na Europa mostraram desaceleração, enquanto os Estados Unidos seguem enfrentando pressões inflacionárias mais altas.
Na visão de Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, o otimismo local teve forte componente político, com pesquisas apontando Tarcísio de Freitas à frente em eventual segundo turno contra o presidente Lula. Ele destacou ainda a venda de duas usinas pela Raízen por R$ 1,54 bilhão como movimento positivo para reduzir a alavancagem da companhia.
Quais setores e ações se destacaram na B3?
Entre os papéis que mais subiram na semana, o mercado acompanhou o desempenho expressivo de setores de consumo e alimentos, além da recuperação de varejistas. Por outro lado, companhias ligadas ao setor de saúde e cosméticos tiveram correções relevantes.
- Altas da semana: RAIZ4 (+7,34%), MRFG3 (+5,37%), MGLU3 (+4,46%), PETZ3 (+4,15%) e BRFS3 (+3,62%).
- Quedas da semana: RADL3 (-6,90%), PSSA3 (-1,99%), PRIO3 (-1,84%), CPLE6 (-1,72%) e NATU3 (-1,64%).
E o cenário externo, como influenciou os mercados?
No câmbio, o dólar à vista fechou a R$ 5,42, alta de 0,29% na sexta-feira, mas acumulou queda de 3,18% no mês. O movimento foi atribuído à formação da ptax mensal, enquanto os juros futuros também apresentaram ligeira alta. Nesse sentido, a moeda brasileira mostrou resiliência frente às pressões internacionais.
Enquanto isso, as bolsas americanas encerraram a semana em queda moderada, após o S&P500 ter renovado máxima histórica acima de 6.500 pontos. O recuo foi puxado pelo setor de tecnologia, especialmente pelas ações da Nvidia. Os dados do PCE, indicador de inflação preferido do Fed, vieram em linha com as expectativas, reforçando as apostas em corte de juros em setembro.
O que esperar da próxima semana no Brasil e nos EUA?
No Brasil, a agenda trará a divulgação do PIB e da Produção Industrial, dados que devem reforçar sinais de desaceleração da economia. Por outro lado, nos Estados Unidos, o mercado acompanhará de perto o relatório de empregos (Payroll), considerado decisivo para consolidar o início do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve.
Por fim, a segunda-feira deve ter menor liquidez devido ao feriado de Labor Day nos EUA, mas ao longo da semana a volatilidade deve aumentar, especialmente com a divulgação de indicadores macroeconômicos de peso nos dois países.