O cenário fiscal no Brasil segue pressionado por déficit elevado e dívida crescente. Para o economista Sérgio Vale, da MB Associados, o governo atua em “modo paliativo”, adotando medidas de curto prazo que não enfrentam os problemas estruturais da economia.
De acordo com Sérgio, iniciativas recentes como a injeção de R$ 40 bilhões para exportadores e o aumento de impostos em R$ 21 bilhões são apenas soluções temporárias. Nesse sentido, o objetivo do governo seria conter a pressão até as eleições, sem atacar o desequilíbrio fiscal de fundo.
Quais as perspectivas para o ajuste fiscal?
Na visão de Sérgio Vale, mudanças significativas na condução da política fiscal devem ocorrer somente a partir de 2027. Até lá, o mercado precisará conviver com o que ele chama de “pequenos incêndios fiscais”. Esse ambiente pode gerar incertezas, afetando a confiança dos investidores e o planejamento de longo prazo.
Enquanto isso, a ausência de um plano robusto e sustentável para lidar com a dívida amplia o risco de instabilidade. “Precisamos de um plano de ação consistente para enfrentar o passivo e garantir previsibilidade”, afirma Vale.
Aumento de impostos resolve ou agrava o problema fiscal?
Entre as medidas adotadas, o aumento de impostos em R$ 21 bilhões levanta dúvidas sobre sua eficácia. Por um lado, pode melhorar a arrecadação no curto prazo. Por outro, existe o risco de desestimular o crescimento econômico em um contexto de atividade já fraca. “A curto prazo, pode gerar receitas, mas a longo prazo pode sufocar a economia”, alerta o economista.
Nesse sentido, o desafio do governo é equilibrar a necessidade de arrecadação com a manutenção do crescimento. Investidores e empresários devem observar como as decisões sobre política fiscal impactarão o ambiente de negócios e a competitividade do país.
Como os investidores devem se preparar diante do risco fiscal?
Diante desse cenário, os investidores precisam adotar estratégias de cautela e diversificação. Sérgio sugere que setores favorecidos por estímulos governamentais podem ter oportunidades, mas que o risco macroeconômico deve estar sempre no radar. A diversificação de portfólio, associada a uma análise constante de riscos, é essencial em tempos de incerteza.
Além disso, é fundamental acompanhar de perto declarações de autoridades econômicas e decisões do governo. Cada nova medida ou anúncio fiscal pode alterar a percepção de risco e impactar a estratégia de investimento.
Quais os próximos passos para a política fiscal no Brasil?
O governo deve continuar recorrendo a medidas paliativas até o período eleitoral, mas prepara o terreno para ajustes mais profundos em 2027. Enquanto isso, os investidores precisarão lidar com um ambiente instável e com soluções de curto prazo. As perspectivas de crescimento e os planos de consolidação fiscal de longo prazo serão determinantes para a confiança e a atratividade do mercado brasileiro.
Em resumo, a política fiscal brasileira enfrenta um impasse: ao mesmo tempo em que precisa garantir arrecadação para financiar o Estado, carece de reformas estruturais que tragam previsibilidade. O caminho até 2027 tende a ser marcado por paliativos, e os próximos passos do governo serão cruciais para definir o rumo da economia.
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