O Ibovespa terminou o pregão desta quinta-feira em leve oscilação, refletindo um ambiente de alta volatilidade e de grande cautela por parte dos investidores. O índice variou entre pequenas quedas e altas discretas, em meio às tensões políticas internas e à expectativa em torno da política monetária dos Estados Unidos.
Durante o dia, o principal indicador da Bolsa brasileira oscilou entre 133.874,43 e 134.836,72 pontos, encerrando próximo a 134.510 pontos, segundo dados da Reuters. A abertura foi negativa, com queda de cerca de 0,35%, refletindo a preocupação com as relações comerciais entre Brasil e EUA. Outro levantamento apontou variação positiva de 0,17%, o que mostra divergências entre índice à vista e futuro.
Como os dados dos EUA influenciaram o mercado hoje?
Segundo Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital, os dados vindos dos Estados Unidos reforçaram um cenário ambíguo. O PMI composto subiu para 55,4 em agosto, indicando expansão da economia, especialmente no setor de serviços, ainda muito forte. Por outro lado, os pedidos iniciais de seguro-desemprego alcançaram 235 mil, acima do esperado, sinalizando alguma fraqueza no mercado de trabalho.
Nesse sentido, parte do mercado já acredita que o Federal Reserve (FED) poderia iniciar uma série de cortes de juros. Por outro lado, ainda há quem entenda que o banco central americano deve esperar, dado que a economia no agregado continua aquecida.
Pressões internas superam fatores externos
Apesar da relevância dos dados internacionais, Silva avalia que o movimento do dólar no Brasil está muito mais ligado a fatores internos. “O movimento está muito mais ligado às nossas questões internas como preocupação fiscal, instabilidade política e até o atrito comercial com os americanos. Esses fatores vêm pesando bem mais no câmbio do que o cenário externo”, afirmou.
O Ibovespa, que havia fechado levemente positivo na véspera, mostrou hoje sinais de fraqueza diante do baixo fluxo e da cautela do investidor estrangeiro. Sem esse suporte, o mercado local se torna mais frágil e vulnerável às incertezas.
Quais setores e temas políticos pesaram no pregão?
O setor bancário viveu mais um dia difícil, pressionado tanto pela incerteza macroeconômica quanto pelo receio de sanções externas. Para Anderson Silva, “é briga dentro e fora de casa”, em referência ao ambiente adverso no cenário internacional e às disputas internas envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF).
Enquanto isso, o ambiente político segue adicionando volatilidade. A decisão do ministro Flávio Dino trouxe desconforto sobre a segurança jurídica, e o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro elevou a tensão institucional, sobretudo após a revelação de que teria preparado um pedido de asilo. Além disso, a pesquisa Quaest, que mostrou Lula à frente em cenários de segundo turno, reforçou a leitura de continuidade da atual agenda econômica.
Ambiente de cautela exige seletividade do investidor
Na avaliação de Anderson Silva, mesmo com bons resultados apresentados por diversas empresas, a falta de confiança fiscal, combinada ao ruído político e à ausência de fluxo estrangeiro, deixa a Bolsa fragilizada. “Os EUA seguem mostrando força, o dólar aqui sobe por conta dos nossos problemas internos, e a Bolsa sofre com a combinação de ruído político. Sem dúvidas, é um ambiente de cautela, em que cada notícia nova só reforça a necessidade de o investidor estar seletivo”, concluiu.