A guerra entre Israel e Hamas, iniciada após o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, vai muito além dos campos de batalha em Gaza. No programa BM&C Talks, o major Rafael Rozenszajn, ex-porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), destacou que o confronto se desenrola também no campo midiático, onde desinformação e acusações infundadas moldam a opinião pública mundial.
Durante a entrevista, Rozenszajn apresentou dados e exemplos para rebater as principais acusações contra Israel, como supostos crimes de guerra e a responsabilidade por mortes de civis. Para ele, o grande desafio não está apenas em enfrentar o Hamas militarmente, mas em desconstruir as narrativas que ganham espaço na imprensa internacional, muitas vezes baseadas em fontes controladas pelo grupo terrorista.
O papel da mídia na guerra entre Israel e Hamas
Segundo o major, uma das maiores dificuldades é que parte da imprensa global utiliza como fonte o Ministério da Saúde de Gaza, que, na prática, é controlado pelo Hamas. “Esses dados não têm compromisso com a verdade”, afirmou. Ele citou como exemplo o caso do hospital Al-Ahli, em outubro de 2023, quando o Hamas acusou Israel de bombardear o local, provocando a morte de 500 pessoas. Investigações posteriores mostraram que a explosão foi causada por um míssil da Jihad Islâmica que falhou.
Além disso, Rozenszajn lembrou que, quando a verdade vem à tona horas depois, o impacto já é reduzido, pois a versão inicial, mesmo falsa, já circulou mundialmente. Nesse sentido, ele reforça que “uma mentira se espalha muito mais rápido do que a verdade”, e que isso fortalece a estratégia do Hamas de usar a desinformação como arma.
A ajuda humanitária realmente não chega a Gaza?
Outro ponto polêmico abordado foi a acusação de que Israel impede a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. De acordo com o major, desde o início da guerra já entraram mais de 94 mil caminhões de suprimentos, o que seria suficiente para alimentar toda a população por dois anos. Apesar disso, parte da população continua passando fome.
Para Rozenszajn, a explicação está no próprio Hamas, que desvia os carregamentos. Segundo ele, o grupo vende os produtos a preços abusivos e utiliza os recursos para recrutar novos combatentes. “O Hamas sacrifica sua própria população, transformando o sofrimento civil em instrumento de guerra”, destacou.
Quantas mortes civis ocorreram no conflito?
Sobre o número de mortos em Gaza, Rozenszajn questiona as estatísticas fornecidas pelo Hamas, que falam em mais de 55 mil vítimas. Israel afirma ter eliminado cerca de 25 mil combatentes. Além disso, ele argumenta que milhares de mortes naturais e até falhas de foguetes palestinos não são contabilizadas pelo grupo.
Com base nesses cálculos, o major estima que aproximadamente 20 mil civis palestinos morreram, número considerado “baixo” diante de conflitos urbanos semelhantes. Ele cita relatórios da União Europeia e da ONU que apontam uma média de nove civis mortos para cada combatente em guerras desse tipo. “A pergunta não é por que morrem tantos civis, mas como Israel consegue reduzir esse número em comparação a outros conflitos”, afirmou.
A ONU tem sido imparcial na guerra entre Israel e Hamas?
Rozenszajn também criticou a atuação da Organização das Nações Unidas. Nos últimos 10 anos, segundo ele, foram aprovadas 150 resoluções contra Israel, contra apenas oito voltadas ao Irã e sete contra a Coreia do Norte. Além disso, trabalhadores da UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, teriam participado dos ataques de 7 de outubro.
Enquanto isso, centenas de caminhões com ajuda humanitária permanecem parados em Gaza porque, segundo o major, a ONU se recusa a distribuí-los sem coordenação com o Hamas. Para ele, isso demonstra parcialidade da entidade, que deveria priorizar a população civil.
Como vencer a guerra de narrativas?
Diante desse cenário, Rozenszajn defende que a principal batalha não é apenas militar, mas informacional. “Não vamos mudar o Hamas, que usa a mentira como estratégia. O que podemos mudar são os receptores dessas mentiras”, explicou. Ele acredita que entrevistas, palestras e livros, como o seu recém-lançado “A Guerra de Narrativas”, são ferramentas essenciais para combater a desinformação e apresentar os fatos ao público.
Por fim, o major afirmou que a guerra terminará apenas quando os reféns israelenses forem libertados e o Hamas não tiver mais capacidade militar para repetir ataques como o de 7 de outubro. “Enquanto isso não acontecer, o conflito seguirá tanto nas ruas de Gaza quanto na arena internacional da opinião pública.”